quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

MANDAMENTOS XAMANICOS

Os Quinze Mandamentos Dos Índios Americanos

Todos os povos dos quatro cantos da terra têm os seus dez mandamentos. No clip_image002entanto, é interessante notarmos que os índios americanos possuem uma outra maneira de ver as coisas. De facto, ao lermos as suas regras de boa conduta neste planeta, reparamos em três aspectos que diferem e bem do Antigo Testamento: em primeiro lugar, estes mandamentos não são ordens, são conselhos. O tom é optimista, positivo. Os índios acreditavam (e acreditam) que a Humanidade não precisa de um chicote para aprender a ser boa. Reparem que a palavra não é evitada o mais possível; em segundo lugar, dá-se relevância ao crescimento interior do próprio indivíduo. Este deve respeitar o grupo mas continua a ser um ser humano com ideias próprias e uma personalidade única; por fim, a Mãe Natureza faz parte da nossa existência e sem ela não somos nada nem ninguém.
E depois eles é que eram os selvagens…
Código de Ética dos Índios Americanos
1-Levante com o Sol para orar.clip_image004
Ore sozinho. Ore com frequência.
O Grande Espírito o escutará, se você ao menos falar.


2-Seja tolerante com aqueles que estão perdidos no caminho.
A ignorância, o convencimento, a raiva, o ciúme e a avareza,
originam-se de uma alma perdida.

Ore para que eles encontrem o caminho do Grande Espírito.

3-Procure conhecer-se por si mesmo.
Não permita que outros façam seu caminho por você.
É sua estrada e somente sua.
Outros podem andar ao seu lado, mas ninguém pode andar por você
.


4-Trate os convidados em seu lar com muita consideração.clip_image006
Sirva-os o melhor alimento, a melhor cama
e trate-os com respeito e honra.


5-Não tome o que não é seu.
Seja de uma pessoa, da comunidade,
da natureza, ou da cultura.
Se não lhe foi dado, não é seu.


6-Respeite todas as coisas que foram colocadas sobre a Terra.
Sejam elas pessoas, plantas ou animais.

Respeite os pensamentos, desejos e palavras das pessoas.

7-Nunca interrompa os outros nem ridicularize, nem rudemente os imite.
Permita a cada pessoa o direito da expressão pessoal.

Nunca fale dos outros de uma maneira má.
A energia negativa que você colocar para fora no universo,
voltará multiplicada a
clip_image008você.

Todas as pessoas cometem erros.
E todos os erros podem ser perdoados.

8-Pensamentos maus causam doenças da mente,
do corpo e do espírito.
Pratique o optimismo.


9-A natureza não é para nós, ela é uma parte de nós.
Toda a natureza faz parte da nossa família Terrena.

As crianças são as sementes do nosso futuro.
Plante amor nos seus corações e regue com sabedoria e lições da vida.
Quando forem crescidos, dê-lhes espaço para que cresçam.


10-Evite machucar os corações das pessoas.
O veneno da dor causada a outros, retornará a você.


11-Seja sincero e verdadeiro em todas as situações.
A honestidade é o grande teste para a nossa herança do universo.


12-Mantenha-se equilibrado. Seu corpo Espiritual, seu corpo Mental,
seu corpo Emocional e seu corpo Físico:
todos necessitam de ser fortes, puros e saudáveis.
Trabalhe o seu corpo Físico para fortalecer o seu corpo Mental.
Enriqueça o seu corpo Espiritual para curar o seu corpo Emocional.



13-Comece sendo verdadeiro consigo mesmo.clip_image010
Se você não puder nutrir e ajudar a si mesmo, você não poderá nutrir e ajudar os outros.


14-Respeite outras crenças religiosas.
Não force suas crenças sobre os outros.


15-Compartilhe sua boa fortuna com os outros.
Participe com caridade.


CONSELHO INDÍGENA INTER-TRIBAL NORTE AMERICANO

SINAIS DA NATUREZA

Os Indios americanos e os sinais da Natureza



 


Entendimento da Linguagem Natural
Alguma vez já se perguntou como os animais sabem quando um desastre natural se aproxima? Por que as pessoas não tomam em consideração esses sinais ao longo das suas vidas?

Estas são algumas perguntas que eu sempre quis saber . A natureza tem uma maneira de comunicar através da sua própria língua. Cabe-nos a nós interpretar esses sinais e usá-los para a nossa vantagem. A Natureza trabalha sempre em harmonia.





Quando os primeiros europeus chegaram à América do Norte, viram o índio americano orando aos animais, plantas, rios, lagos, o Sol, a Lua, o vento, o relâmpago, o trovão. Chamaram-lhes pagãos e selvagens. Por alguma estranha razão eles desenvolveram a idéia de que o índio não acreditava em Deus, embora em diferentes línguas tribais, havia referências a um Grande Espírito, o Grande Criador, o Criador, o Grande Mistério, ou o Grande Ser Invisível . A verdade é que não só os índios norte-americanos adoram uma entidade divina, mas também com uma profunda reverência a toda a criação.

Apesar de as forças de assimilação, os índios americanos tradicionais e os homens / mulheres santos  ainda compreendem o caráter sagrado da natureza. Eles vêem a vida com a força do Espírito, A Grande "floração" em todas as coisas no universo. Devido a antigas crenças, ensinamentos e práticas espirituais , sentem-se e mantêm um parentesco directo com tudo o que existe. No sistema de crenças tradicionais dos índios americanos, tudo é uma fonte de energia, e como resultado ele deve ser reverenciado.


O índio americano tradicional, acredita que cada ser vivo na natureza tem um espírito próprio, além de ser ligado e parte do Grande Mistério. É por isso que rezar e dar graças ao sol, a lua, as estrelas, a chuva, as águas do vento, e todos aqueles que andam, rastejam, voam, nadam e , ambos visíveis e invisíveis. Sabemos que não podemos sobreviver ou viver sem as nossas relações. Também percebemos que eles não podem viver sem nós, é por isso que existe uma relação recíproca.


Evidência desse sistema de crença pode ser encontrada nos mitos, lendas e histórias. Aqui é possível encontrar referência aos animais e aves como as pessoas. O urso é o nosso avô, nossa tia cascavel, nosso  primo castor , nosso tio águia, o veado nosso irmão,  e búfalos nossos irmãos. Mas em um sentido mais profundo da sua ideologia, não são só as nossas relações, mas também são considerados os nossos professores, protetores, guardiões, auxiliares de sobrenatural, e as fontes de poder e conhecimento.
Isso não é romantismo, é realidade. Acredito que as pessoas modernas possam aprender com esta realidade antiga, se eles estão dispostos a mente aberta. Existe um tipo especial de entendimento telepático e simbólica entre a tradição dos índios americanos e suas relações na natureza. Nós nos comunicamos através da oração, falando, danças, cantares, meditar, tocar, cheirar e / ou tabaco oferta, queimas de ervas, alimentos, ou algum outro presente para uma das nossas relações. Como a linguagem da natureza é simbólica, ele se comunica de volta para nós de uma forma única, com  símbolos naturais.




Uma fonte natural de conhecimento e poder que os índios tradicionais utilizam como parte do seu desenvolvimento e crescimento espiritual  e que as pessoas ocidentais e índios americanos mais assimilados  já não estão conscientes.
Instinto, no entanto, é uma realidade. É também um sistema natural de comunicação entre a natureza e as espécies, a mente eo corpo. A comunicação pode vir na forma de um símbolo físico, ou pode ser mais intuitivo, tornando-se conhecido através da linguagem, aparecendo como um palpite, um sentimento , ou uma voz interior, em um sonho ou através de uma visão.

Muitas pessoas ocidentais consideram essas formas de conhecimento natural misteriosa, sobrenatural, ou supersticioso. Eles não compreendem isso e têm medo, e como resultado encontram formas de ignorar ou desacreditár. A arte de estudar os sinais e presságios, no entanto, é uma antiga forma de conhecimento que foi utilizado por todas as raças da humanidade em um momento ou outro na história da sua evolução. Europeus, por exemplo, estudam alguns sinais na natureza para descobrir quando a planta ou colheita das culturas, quando caçar, quando fazer viagens por mar, e mesmo quando casar.
Alguma vez já ouviu "Céu vermelho de manhã, advertência para marinheiro ; céu vermelho à noite, deleite do marinheiro?" Alguns desses conhecimentos ocidentais antigos, ainda podem ser encontrados no Almanaque dos agricultores hoje (borda de água no caso Português). Para os  Indios tradicionais e homens / mulheres santos, o conhecimento natural sempre foi uma realidade e uma parte natural de sua ideologia e espiritualidade. Embora a comunicação com a natureza é um sistema antigo de conhecimento, não é arcaico, porque esse conhecimento ainda é relevante hoje. Devemos lembrar que nem todos os sinais, mensagens ou presságios são ruins.


Fato, ficção ou fantasia? Quem sabe como funciona a comunicação com a natureza ou o porquê. Tudo o que sei é que em algumas situações ela não funciona. Anciãos tribais, mitos e histórias ensinam que é perfeitamente natural chamar auxílio "sobrenatural"  quando todos os outros recursos parecem não funcionar. Somos ensinados que a terra está cheia de vários tipos de espíritos e poderes, bons e maus, positivos e negativos, físicos e espirituais, visíveis e invisíveis.










Algumas destas competências são ainda neutras. Somos ensinados que os poderes vêm na forma de forças naturais e elementos da natureza, tais como relâmpagos e trovões, ventos e nuvens, terremotos e incêndios, e as pessoas em animais, os pássaros, os peixes, as pessoas serpente, pessoas insecto, árvores, as plantas e as pessoas rocha.












Em outras palavras, cada parte da terra é uma fonte física e espiritual de poder e energia que afeta diretamente a nós, porque nós também somos parte integrante da grande família da Criação.

TRIBUTO PARA UM PINTOR XAMANICO

Tributo a Pablo Amaringo




O pintor e xamane Pablo Amaringo partiu para outros reinos.
Fica o tributo àquele que dedicou a sua vida aos outros e que, através das suas pinturas, permitiu que tenhamos um vislumbre do que são as dimensões da realidade que são acedidas nas sessões de Ayahuasca.

(Mental Abilities)




(Machaco Runa)




(Spiritual Temples)




(Aralim)




(Heart of the Cosmic Serpent)

SONHOS





POR QUE OS SONHOS PARECEM TÃO REAIS?


A Consciência resplandecendo em você está sempre brilhando, Ela nunca dorme. Assim, quando o seu corpo está 'dormindo', mas o pensar continua ativo durante o estado de sonho, a Consciência resplandece nos pensamentos-sonho, emprestando sua realidade a eles, fazendo, dessa forma,o sonho parecer real. Qualquer coisa a que a Consciência empreste a sua realidade, ganha a ilusão de ter vida - sejam os seus pensamentos durante o estado de sonho ou os seus pensamentos durante o seu estado 'acordado'. A Consciência Universal é a ÚNICA fonte de realidade e percepção que existe. Tudo o mais apenas pega emprestada a sua realidade da Consciência Universal, mais ou menos como a lua à noite parece ter brilho próprio, quando na verdade sua luminosidade vem do sol.


Uma outra coisa sobre os sonhos, é que todos os personagens do sonho PARECEM absolutamente separados no sonho, mas ainda assim você sabe que eles todos de fato vêm de UM sonhador, e são, portanto, UM só. Entretanto, se alguém chegasse para a sua 'persona onírica' durante um seu sonho, e lhe dissesse que todos no sonho eram de fato apenas UM, você pensaria que esse alguém estava louco. Portanto, mesmo nos sonhos, as crenças incorretas distorcem a realidade. E não pense que os pensamentos, que criam essa distorção da realidade durante seus sonhos, param de fazer seus "truques" quando você "acorda" - eles estão criando a mesma distorção da realidade AGORA MESMO.

CRENÇAS INCORRETAS A SEREM REMOVIDAS

Você é 100% "auto-relizado" nesse mesmo instante, quer você entenda isso ou não. Não existe um "caminho", apenas crenças incorretas que precisam ser removidas. E a própria crença de que existe um caminho é, em si mesma, um obstáculo. Você não pode nunca estar fora da eterna realidade, ISSO É IMPOSSÍVEL.


Não esqueça, TUDO acontece NA PERCEPÇÃO. Mesmo quando você entende tudo o que eu estou dizendo, os pensamentos ainda podem aparecer como "Eu tive um dia cheio no trabalho hoje, distraí-me e não fiquei muito na PERCEPÇÃO". Mas isso é apenas um pensamento que está acontecendo na PERCEPÇÃO. Da mesma forma, o pensamento oposto, "Eu tive um dia muito 'focado', e realmente permaneci na PERCEPÇÃO" é igualmente um pensamento, uma visão, que está acontecendo na PERCEPÇÃO. Tudo é apenas uma aparência na PERCEPÇÃO. E você é a PERCEPÇÃO, não a aparência.

Uma pessoa ocupada num sonho tem o sonhador fluindo através dela em menor escala que uma pessoa meditando no mesmo sonho? Para o sonhador, ambas são apenas um sonho. O personagem do sonho que ignora o fato de que existe apenas a Consciência do sonhador está tão na Consciência quanto o personagem que tem esse entendimento. A única diferença entre eles é que o que não tem esse entendimento está simplesmente carregando crenças incorretas.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

VISÕES E SONHOS

 





Visões e sonhos iniciatórios entre os xamãs siberianos


As doenças, os sonhos e os êxtases são apenas meios de alcançar a condição de xamã. Às vezes, estas estranhas experiências não representam mais que uma "escolha" do alto e simplesmente preparam o candidato para novas revelações. Mas, em geral, as doenças, os sonhos e os êxtases são, em si, a iniciação; isto é, transformam o indivíduo profano em um técnico do sagrado.


Naturalmente, esse tipo extático de experiência é sempre, e em qualquer lugar, acompanhado de instrução teórica e prática nas mãos de velhos mestres; o que não o torna menos decisivo, pois é a experiência extática que muda radicalmente a condição religiosa da pessoa "eleita".


As experiências extáticas que determinam a vocação do futuro xamã consistem no tradicional esquema de uma cerimônia religiosa: sofrimento, morte, ressurreição. Vista por este ângulo, qualquer "vocação-doença" se ajusta ao papel de uma iniciação, pois o sofrimento que acarreta corresponde às torturas iniciatórias; o isolamento psíquico do "eleito" é a contrapartida do isolamento e da solidão ritual das cerimônias iniciatórias; a iminência da morte experimentada pelo homem doente lembra a morte simbólica representada em quase todas as cerimônias de iniciação.


O conteúdo das primeiras experiências extáticas do xamã siberiano, apesar de comparativamente rico, quase sempre inclui um ou mais dos seguintes temas: desmembramento do corpo, seguido de uma renovação dos órgãos internos e das vísceras; ascensão ao céu e diálogo com os deuses ou espíritos; descida à Região dos Mortos e conversas com os espíritos e as almas dos xamãs mortos; diversas revelações, religiosas e xamânicas (segredos da profissão). Todos temas nitidamente iniciatórios. Em alguns documentos todos estão confirmados; em outros, só um ou dois são mencionados (desmembramento do corpo, ascensão ao céu). É possível que a ausência de determinados temas iniciatórios se deva, pelo menos em parte, a informações inadequadas, já que os primeiros etnólogos em geral se contentavam com dados sumários.


Entre os povos da Sibéria e da Ásia Central, a vocação xamânica freqüentemente se manifesta em forma de doença. Às vezes, não se trata propriamente de doença, mas de uma progressiva mudança de comportamento. O candidato se torna meditabundo, busca a solidão, dorme muito, tem um ar distante, sonhos proféticos e, às vezes, ataques. Todos estes sintomas são apenas o prelúdio da nova vida que aguarda o desprevenido candidato. Acrescente-se que seu comportamento lembra os primeiros sinais de uma vocação mística, que são sempre os mesmos em todas as religiões.


Existem também doenças, ataques, sonhos e alucinações que, em pouco tempo, determinam a carreira de um xamã. Não nos cabe dizer se tais êxtases patogênicos foram, realmente, experimentados ou imaginados, ou se, mais tarde, foram pelo menos enriquecidos de motivos folclóricos, acabando por fazer parte integrante do enquadramento mitológico xamânico tradicional. O que se torna essencial é o fato de que essas experiências justificam a vocação e o poder mágico-religioso de um xamã; que elas são invocadas como a única validação possível para uma mudança radical da prática religiosa.


Por exemplo, um xamã iacuto, Sofron Zateejev, diz que, em geral, o xamã morre e passa três dias na iurta sem comer nem beber. Antigamente, o candidato se submetia três vezes à cerimônia em que era cortado em pedaços. Outro xamã tungue, Ivanov, dá maiores detalhes sobre a cerimônia. Com um gancho de ferro, os membros do candidato são retirados e desarticulados; os ossos, limpos; a carne, raspada: os fluidos do corpo, jogados fora; e os olhos arrancados das órbitas. Depois desta operação, todos os ossos são novamente unidos e presos com ferro. Segundo outro xamã, Timofei Romanov, a cerimônia do desmembramento dura de três a sete dias; durante todo este tempo, o candidato permanece como morto, mal respirando, num lugar solitário.


Diz o iacuto Gavriil Alekseev que todo xamã tem uma Mãe Ave-de-Rapina parecida com um grande pássaro de bico de ferro, garras como ganchos e uma longa cauda. Este pássaro mítico só aparece duas vezes: por ocasião do nascimento espiritual do xamã, e quando ele morre. Toma sua alma, leva-a para a Região dos Mortos; e deixa-a amadurecer num galho de pinheiro. Quando a alma atinge a maturidade, o pássaro volta à terra, retalha o corpo do candidato e distribui os pedaços entre os maus espíritos da doença e da morte. Cada espírito devora a parte do corpo que lhe coube; esse processo confere ao futuro xamã o poder de curar as doenças correspondentes. Depois de devorar o corpo todo, os maus espíritos partem. A Mãe Ave-de-Rapina repõe os ossos nos respectivos lugares e o candidato desperta como que de um profundo sono.





De acordo com o relato de outro iacuto, os maus espíritos levam a alma do futuro xarnã para a Região dos Mortos e lá a trancam numa casa durante três anos (um ano apenas para os que se tomarão Xamãs menos categorizados). Ali o xamã faz a sua iniciação. Os espíritos cortam-lhe a cabeça e a põem de lado (porque o candidado deve ver com os próprios olhos o seu desmembramento), retalham-lhe o corpo em pequenos pedaços, que distribuem pelos espíritos das diversas doenças. Só sob esta condição adquirirá o futuro xamã o poder de curar. Seus ossos são, então, recobertos com carne nova e, em certos casos, o indivíduo recebe também novo sangue.


Segundo outra crença iacuta também coligida por Ksenofontov, os xamãs nascem no Norte. Lá, cresce um abeto gigante, que abriga em seus ramos inúmeros ninhos. Os grandes xamãs ocupam os ramos mais altos, osde categoria mediana, os ramos do meio, e os menos importantes, a parte inferior da árvore. Dizem uns que a Mãe Ave-de-Rapina, que tem cabeça de águia e penas de ferro, pousa na árvore, põe os ovos e os choca; os grandes xamãs, os médios e os pequenos são chocados respectivamente em três, dois e um ano. Quando a alma sai do ovo, a Mãe-Ave confia-a a uma diaba-xamã, com um só olho, um braço e um osso. Esta embala a alma do futuro xamã num berço de ferro e o alimenta com sangue coagulado. Depois, três "demônios" negros vêm cortar-lhe o corpo em pedaços, enfiam-lhe uma lança na cabeça e atiram pedaços de sua carne em várias direções, como oferendas. Três outros "demônios" cortam-lhe a mandíbula, um pedaço para cada doença que ele, mais tarde, será chamado a curar. Se estiver faltando um dos seus ossos, um membro de sua família terá de morrer a fim de repô-lo. Às vezes, até nove parentes seus morrem.


Em todos esses exemplos vemos o tema central de uma cerimônia de iniciação: o desmembramento do corpo de neófito e a renovação dos seus órgãos; o ritual da morte, seguido da ressurreição. Podemos também observar o motivo da ave gigantesca que choca os xamãs nos ramos da árvore do mundo; tem ampla aplicação nas mitologias do norte da Ásia, especialmente na mitologia xamânica.


De acordo com os informantes iuraque-samoiedos de T. Lehtisalo, a iniciação propriamente dita começa com o candidato aprendendo a tocar tambor; é nessa ocasião que ele consegue ver os espíritos. O xamã Ganyakka disse a Lehtisalo que certa vez, quando tocava tambor, os espíritos baixaram e o cortaram em pedaços, decepando-lhe também as mãos. Durante sete dias e sete noites permaneceu inconsciente, estirado no chão. Nesse período, sua alma se encontrava no céu, circulando com o Espírito do Trovão e visitando o deus Mikkulai.


A. A Popov faz o seguinte relato a respeito de um xamã dos avam-samoiedos. Acometido de varíola, permaneceu durante três dias inconsciente e tão à beira da morte que, no terceiro dia, quase o enterraram. Sua iniciação ocorreu nesta época. Lembrava-se de ter sido levado para o meio do oceano. Lá, ouviu sua Doença (isto é, a varíola) dizer-lhe: "Do Senhor da Água receberás o dom de xamanizar. Como xamã teu nome será houttarie [mergulhador]." Em seguida, a Doença agitou as águas do mar. O candidato saiu e escalou uma montanha. Lá, encontrou uma mulher nua e começou a sugar-lhe os seios. A mulher, que provavelmente era a Senhora das Águas, disse-lhe: "Tu és meu filho; por isso é que deixo que sugues meu seio. Encontrarás muitas dificuldades e te sentirás imensamente fatigado." O marido da Senhora das Águas, o Senhor da Região dos Mortos, deu-lhe, então, dois guias, um arminho e um camundongo, para guiá-lo à Região dos Mortos. Ao chegarem a um lugar elevado, os guias lhe mostraram sete tendas com os tetos arrebentados. Entrou na primeira e encontrou os moradores da Região dos Mortos e os homens da Grande Doença (a sífilis). Estes arrancaram-lhe o coração e o jogaram numa panela. Em outras tendas, ele encontrou o Senhor da Loucura e os senhores de todos os distúrbios nervosos, assim como os xamãs perversos. Desse modo, ficou sabendo das diversas doenças que atormentam a humanidade.


Sempre precedido pelos guias, o candidato chegou, então, ao País das Mulheres Xamãs, que lhe fortificaram a garganta e a voz. Foi, em seguida, levado para as praias dos Nove Mares. No meio de um desses mares havia uma ilha, e no meio desta uma bétula ainda nova se erguia para o céu. Era a Árvore do Senhor da Terra. Junto dela cresciam nove ervas, os ancestrais de todas as plantas da terra. A Árvore estava rodeada pelos mares, e em cada um deles nadava uma espécie de ave com suas crias. O candidato visitou todos esses mares; alguns eram salgados, outros tão quentes que ele não conseguia chegar perto da praia. Depois de visitar os mares, o candidato levantou a cabeça e, no topo da árvore, viu homens de diversas nações: samoiedos, russos, dolgans, iacutos e tungues. Ouviu vozes: "Ficou decidido que terás um tambor [isto é, a caixa de um tambor] feito dos ramos desta Árvore." Ele começou a voar junto com as aves marítimas. Ao deixar a praia, o Senhor da Árvore o chamou: "Meu ramo acaba de cair; apanha-o e faze com ele um tambor que te servirá por toda a vida." O ramo tinha três forquilhas, e o Senhor da Árvore ordenou-lhe que fizesse três tambores, que deviam ser guardados por três mulheres, sendo cada tambor destinado a uma cerimônia especial: um para xamanizar as mulheres em trabalho de parto, o segundo para curar os doentes e o terceiro para descobrir os homens que se houvessem perdido na neve.


O Senhor da Árvore deu também ramos a todos os homens que se achavam no alto da árvore. Mas, surgindo no meio da árvore em forma humana até à cintura acrescentou: "Só um ramo não dou aos xamãs, pois o reservo para o resto da humanidade. Com ele, os homens poderão fazer habitações e, assim, usá-lo de acordo com as suas necessidades. Sou a Árvore que dá a vida a todos os homens." Pegando o ramo, o candidato estava pronto para continuar o vôo, quando ouviu novamente uma voz humana, desta vez revelando-lhe as virtudes medicinais das sete plantas e instruindo-o a respeito da arte de xamanizar. Porém - acrescentavam as vozes - ele devia casar-se com três mulheres (o que, aliás, ele fez, mais tarde: casou-se com três meninas órfãs que ele curara da varíola).


Depois disso, chegou a um mar sem fim; lá, encontrou árvores e sete pedras. As pedras lhe falaram, umas após as outras. A primeira tinha dentes como os do urso e uma cavidade em forma de cesta. Disse-lhe que era a pedra que sustentava a terra; com seu peso, fazia pressão sobre os campos para que eles não fossem arrebatados pelo vento. A segunda servia para fundir o ferro. Ele permaneceu com as pedras durante sete dias, aprendendo, assim, como podiam ser úteis aos homens.


Em seguida, seus dois guias, o arminho e o camundongo o levaram a uma montanha alta e arredondada. Parou diante de uma abertura e entrou. Era uma caverna luminosa, no meio da qual havia algo como uma fogueira. Viu duas mulheres nuas, cobertas de pêlo como renas. Percebeu, então, que não havia nenhuma fogueira ardendo; a luz vinha do alto, através de uma abertura. Uma das mulheres lhe disse que estava grávida e que daria à luz duas renas: uma delas seria o animal sacrificial dos dolgans e dos evenkes, e a outra, o dos tavghis. Deu-lhe ainda um pêlo, que lhe seria útil quando xamanizasse pelas renas. A outra mulher também deu à luz duas renas, símbolo dos animais que ajudariam o homem em seus trabalhos e ainda lhes forneceriam alimento. A caverna tinha duas aberturas, uma voltada para o norte, a outra para o sul; através de cada uma delas, as mulheres enviaram uma rena para servir ao povo da floresta (os dolgans e os evenkes). A segunda mulher deu-lhe também um pêlo. Quando xamanizasse, ele, mentalmente, se voltaria para aquela caverna.


O candidato chegou a um deserto e viu, a distância, uma montanha. Após três dias de viagem, alcançou-a, entrou por uma abertura, e viu-se na presença de um homem nu, que trabalhava com um fole. Sobre o fogo, havia um caldeirão "do tamanho da metade da terra". O homem nu o viu e apanhou-o com um par de tenazes. O noviço teve tempo de pensar: "Estou morto!" O homem decepou-lhe a cabeça, picou-o em pedaços e pôs tudo no caldeirão. Ferveu-lhe o corpo durante três anos. Havia também três bigornas, e o homem nu forjou-lhe a cabeça na terceira, que era onde se forjavam os melhores xamãs. Jogou, depois, a cabeça em um dos três recipientes que ali estavam, naquele que continha a água mais fria. Revelou-lhe, então, que quando chamado a curar alguém, é inútil xamanizar se a água do recipiente ritual estiver muito quente, pois o homem já está perdido; se a água estiver apenas quente, ele está doente, mas ficará curado; água gelada é indício de um homem sadio.


Em seguida, o ferreiro pescou seus ossos, que boiavam num rio, reuniu-os e cobriu-os com carne novamente. Contou-os e disse que havia três a mais; por isso o candidato tinha de adquirir três costumes xamânicos. Forjou-lhe a cabeça e ensinou-o a ler as letras que havia dentro dela. Mudou seus olhos, e é por isso que, quando ele xamanizava, não enxergava com os olhos do corpo, mas com aqueles olhos místicos. Perfurou-lhe os ouvidos para que ele pudesse entender a linguagem das plantas. O candidato viu-se, então, no topo de uma montanha, para, finalmente, despertar na iurta, no seio da família. Agora, pode cantar e xamanizar indefinidamente, sem jamais cansar-se (2).





Reproduzimos este relato por causa da sua admirável riqueza mitológica e religiosa. Se o mesmo cuidado tivesse sido observado para recolher as confissões de outros xamãs siberianos, provavelmente nenhum teria ficado reduzido à lacônica fórmula comum: o candidato permaneceu inconsciente durante determinado número de dias, sonhou que os espíritos o estavam cortando em pedaços e carregando-o para o céu, etc. É evidente que o êxtase iniciatório segue de perto certos temas paradigmáticos: o noviço encontra várias figuras divinas (a Senhora das Águas, o Senhor da Região dos Mortos, a Senhora dos Animais) antes de ser levado pelos animais, seus guias, para o centro do mundo, no cume da montanha cósmica, onde estão a árvore do mundo e o Senhor Universal; da árvore cósmica, e pela vontade expressa do próprio Senhor Universal, ele recebe a madeira para confeccionar seu tambor; seres semidemoníacos lhe ensinam a natureza de todas as doenças e as respectívas curas; finalmente, outros seres demoníacos retalham seu corpo, fervem-no e o trocam por órgãos melhores. Cada um desses elémentos do sonho iniciatório é coerente e se enquadra num sistema ritual ou simbólico muito conhecido na história das religiões. Em conjunto, representam uma variante bem concatenada do tema universal da morte e da mística ressurreiçã'o do candidato, por meio da descida à região dos mortos e subida ao céu.


O mesmo sistema de iniciação é encontrado entre outros povos da Sibéria (3). O xamã tungue Ivan Tscholko afirma que um futuro xamã deve cair doente, ter o corpo cortado em pedaços e o sangue bebido pelos maus espíritos (saargi). Estes espíritos - que, na realidade, são as almas de outros xamãs mortos, jogam sua cabeça em um caldeirão, onde ela é forjada junto com diversas peças de metal que, mais tarde, irão compor o seu costume ritual. Outro xamã tungue conta que ficou doente um ano inteiro. Durante este período, cantou, a fim de sentir-se melhor. Seus antepassados xamãs vieram iniciá-Io. Transpassaram-no com flechas até ele perder os sentidos e cair ao chão; cortaram-lhe a carne, arrancaram-lhe os ossos e os contaram; se estivesse faltando um, ele não poderia ser um xamã. Enquanto durou esta operação, ele passou um verão inteiro sem comer nem beber.


Se bem que os buriatas tenham cerimônias públicás muito complexas para consagrar os xamãs, também eles conhecem o "sonho-doença" do tipo iniciatório. Ksenofontov relata a experiência de Michail Stepanov. Diz Stepanov que antes de tomar-se um xamã, o candidato deve ficar doente por um longo período; então, as almas dos seus antepassados xamãs o rodeiam, torturam-no, batem-lhe, cortam-lhe o corpo com facas, etc. Durante esta operação, ele permanece inanimado; o rosto e as mãos ficam azuis, o coração mal consegue bater. Segundo outro xamã buriata, os espíritos ancestrais levam a alma do candidato perante a Assembléia de Saaytani, no céu, onde recebe instrução. Depois da iniciação, a carne do candidato é cozida, para que ele aprenda a arte de xamanizar. É durante essa tortura iniciatória que ele passa sete dias e sete noites como se estivesse morto. Nessa ocasião, seus parentes (com exceção das mulheres) chegam-se a ele e cantam: "Nosso xamã está voltando à vida e nos ajudará!" Enquanto seu corpo estiver sendo retalhado e cozido pelos seus ancestrais, nenhum estranho pode tocá-lo.


As mesmas experiências se observam em outros lugares. Uma mulher teleuta tornou-se xamã depois de ter tido a visão de que homens desconhecidos estavam cortando seu corpo em pedaços e cozinhando-o num recipiente. De acordo com a tradição dos xamãs altaicos, os espíritos dos ancestrais comem sua carne, bebem seu sangue, abrem-lhe o ventre. Diz o baqca Kazak Kirghiz: "Tenho cinco espíritos no céu que me cortam com quarenta facas, me transpassam com quarenta pregos", e assim por diante.


A experiência extática do desmembrarnento do corpo seguida de uma renovação dos órgãos é também conhecida dos esquimós, de algumas tribos da América do Sul e da América do Norte (como por exemplo, os araucânios, os pomo-da-costa, os menominis e outros), em Malekula, entre os papuas do Kiwai e os daiaques de Bornéu (4), e especialmente entre os australianos. Limitar-me-ei a dar alguns exemplos de sonhos extáticos, iniciatórios, dos curandeiros australianos.


Os aruntas conhecem três processos de fazer curandeiros: (1) pelos lruntarinia ou "espíritos"; (2) pelos Eruncha (isto é, os espíritos dos homens Eruncha dos míticos tempos Alchera), (3) por intermédio de outros curandeiros. No primeiro caso, o candidato vai para a entrada de uma caverna e adormece. Vem um Iruntarinia e "arremessa nele uma lança invisível, que lhe penetra no pescoço pela nuca, trespassa-lhe a língua, fazendo nela um grande orifício, e sai pela boca". A língua do candidato fica perfurada; pode-se, facilmente, enfiar o dedo mínimo. Uma segunda lança decepa-lhe a cabeça, e a vítima sucumbe. O Iruntarinia transporta-o para dentro da caverna, que dizem ser muito profunda e onde se acredita que os espíritos dos lruntarinia vivam numa luz perpétua e junto a fontes de água fria. Na caverna, o espírito arranca-lhe os órgãos internos e dá-lhe outros inteiramente novos. O candidado volta à vida, mas durante algum tempo comporta-se como alienado Os espíritos Iruntarinia - invisíveis aos outros seres humanos, exceto aos curandeiros - levam-no, então, para a aldeia dele. A etiqueta proíbe-o de exercer suas funções durante um ano; se, no decorrer desse período, o orifício da língua fechar-se, o candidato desiste, porque se acredita que suas Virtudes mágicas tenham desaparecido. Nesse ano, ele aprende com os outros curandeiros os segredos da profissão, particularmente o uso dos fragmentos de quartzo (atnongara) que os espíritos Iruntarinia colocaram no seu corpo.


O segundo processo de fazer um curandeiro é semelhante ao primeiro, com exceção de que, em vez de levar o candidato para uma caverna, os Eruncha carregam-no para baixo da terra. Finalmente, o último métoodo compreende um longo ritual em local deserto, onde o candidato, em absoluto silêncio, deve submeter-se a uma operação realizada por dois velhos curandeiros. Estes lhe esfregam o corpo com cristais de rocha até arranhar-lhe a pele, comprimem-lhe cristais de rocha no couro cabeludo, fazem um buraco debaixo de uma unha da sua mão direita, e uma incisão na língua (5).


Famoso mágico da tribo Unmatjera contou a Spencer e Gillen que


... quando fizeram dele um curandeiro, um médico muito velho chegou certo dia e arremessou-lhe algumas pedras atnongara com um lança-arpão. Algumas atingtram-lhe o peito, outras atravessaram-lhe a cabeça de uma orelha a outra, matando-o. O velho tirou-lhe, então, as entranhas, intestinos, fígado, coração, pulmões - tudo enfim - e deixou-o a noite inteira deitado no chão. Pela manhã, o velho chegou, olhou para ele, colocou mais algumas pedras atnongara dentro do seu corpo, nos braços e nas pernas, e cobriu-lhe o rosto com folhas. Em seguida, pôs-se a cantar por cima dele até que o corpo ficasse todo inchado. Deu-lhe, então, entranhas completamente novas, colocou mais uma quantidade de pedras atnongara dentro dele, e deu-lhe umas tapinhas na cabeça, o que o fez voltar a vida imediatamente. Ao despertar, não tinha a menor idéia de onde se encontrava e disse: "Acho que estou perdido." Mas, olhando ao seu redor, viu o velho curandeiro de pé ao seu lado. Disse o velho: "Não, não estás perdido. Eu te matei há muito tempo." Ilpailurkna esquecera completamente quem era e toda a sua vida pregressa. Depois de algum tempo, o velho levou-o de volta ao seu acampamento, mostrou-o a ele e disse-lhe que a mulher que ali estava era a sua lubra, pois ele a esquecera por completo. Sua volta daquele jeito e seu comportamento estranho logo mostraram aos outros nativos que ele se tornara um curandeiro.


Entre os warramungas, a iniciação é feita pelos espíritos Puntidir, que equivalem aos Iruntarinia dos aruntas. Um curandeiro disse a Spencer e Gillen que fora perseguido durante dois dias por dois espíritos que se haviam identificado como "seu pai e seu irmão". Na segunda noite, os espíritos chegaram e o mataram. "Enquanto estava caído, morto, eles o abriram e retiraram todas as suas entranhas, dando-lhe, porém, outras novas; fmalmente puseram uma pequena serpente dentro do seu corpo, o que lhe conferiu poderes de curandeiro (7)."


Entre os binbingas, acredita-se que os curandeiros são consagrados pelos espíritos Mundadji e Munkaninji (pai e filho). Um curandeiro contou como, ao entrar certo dia numa caverna, deu com o velho Mundadji, que o agarrou pelo pescoço e o matou.


Mundadji o abriu ao meio, de alto a baixo, tirou-lhe todas as entranhas e trocou-as pelas suas, que colocou no corpo de Kurkutji. Ao mesmo tempo, pôs-lhe no corpo uma quantidade de pedras sagradas. Terminada a operação, o espírito mais novo, Munkaninji, apareceu e restituiu-lhe a vida; disse-lhe que ele agora era um curandeiro, e mostrou-lhe como extrair ossos e livrar os homens de outras formas de magia perniciosa. Levou-o, então, para o céu e depois o trouxe de volta à terra, deixando-o perto do seu acampamento, onde ele ouviu os nativos chorando por ele, pois supunham que ele houvesse morrido. Durante muito tempo permaneceu num estado de relativo atordoamento, mas, pouco a pouco, se recuperou e os nativos ficaram sabendo que ele se tornara um curandeiro.


Na tribo Mara, a técnica é mais ou menos a mesma. Quem quiser ser curandeiro acende uma fogueira e queima gordura, atraindo, assim, os dois espíritos chamados Minnungarra. Estes se aproximam e incentivam o candidato, garantindo-lhe que não o matarão totalmente.


Em primeiro lugar, eles o insensibilizam, e o abrem pelo processo habitual, retiram todos os seus órgãos, que são, então, substituídos pelos de um dos espíritos. Em seguida, ele é novamente revivido e dizem-lhe que é agora um doutor; ensinam-lhe como retirar ossos dos homens e livrá-los de mágicas perniciosas, e é levado para o céu. Por fim, é trazido para a terra e depositado junto ao seu acampamento, onde é encontrado pelos amigos, que choravam por ele ... Dentre os poderes que um curandeiro mara possui está o de ser capaz de subir, durante a noite, por uma corda, invisível a olhos mortais, até ao céu, onde conversa com os seres siderais (9).







Como vimos, a semelhança entre as iniciações dos xamãs siberianos e as dos curandeiros da Austrália é muito grande. Em ambos os casos, o candidato é submetido a uma operação feita por seres sernidivinos ou por ancestrais, operação que consiste no desmembramento do corpo e na renovação dos órgãos internos e dos ossos. Em ambos os casos, essa operação se realiza num "inferno" ou inclui uma descida à Região dos Mortos. Quanto aos fragmentos de quartzo ou outros objetos mágicos que se supõe que os espíritos colocam no corpo do candidato australiano, é uma prática de muito pouca importância para os siberianos. Só de raro em raro encontramos alguma referência a pedaços de ferro postos para derreter no mesmo caldeirão em que estão a carne e os ossos do futuro xamã. Há ainda outra diferença entre as duas áreas: na Sibéria, a maioria dos xamãs é "escolhida" pelos espíritos e pelos deuses, ao passo que, na Austrália, a carreira de curandeiro parece ser o resultado de uma busca voluntária por parte do candidato, assim como de uma "eleição" espontânea feita pelos espíritos e seres divinos.


Acrescentemos ainda que os métodos de iniciação dos mágicos australianos não podem ser restringidos aos tipos citados. Embora o elemento importante de uma iniciação pareça ser o desmembramento do corpo e a substituição dos órgãos internos, existem também outros meios de consagrar um curandeiro, especialmente a experiência extática de uma ascensão ao céu, e a instrução ministrada por seres celestiais. Às vezes, a iniciação inclui o desmembramento do candidato e sua ascensão ao céu. Em outros lugares, a iniciação se realiza no transcurso de uma descida ao submundo. Todos esses tipos de iniciação são também encontrados entre os xamãs da Sibéria e da Ásia Central. Tal paralelismo entre dois grupos de técnicas místicas de povos arcaicos tão distanciados no espaço mostra o lugar que ocupa o xamanismo na história geral das religiões.

A ARTE DE SONHAR


- A ARTE DE SONHAR


"O sonho é um mundo real, ele se acha aquém deste, e tudo o que vemos aqui é mais ou menos a sombra daquele mundo". Paha Sapa
A crença de que a alma se separa do corpo durante o sono para só reintegrá-lo no momento de despertar é universalmente difundida. A mesma concepção vê no sonho o reflexo das tribulações da alma fora do corpo, assim como identifica na doença a expressão do seu rapto pelos espíritos.
A vitória do xamã sobre o sonho reside no fato de ele saber conduzir sua alma, seu outro eu, de modo a fazê-lo intervir eficazmente em todas as esferas de ação do mundo dos Espíritos.
Esse outro eu não é uma entidade desencarnada ou uma noção puramente abstrata: muitas vezes ele é chamado de duplo, corpo do sonho, a sombra, o outro, etc. Símbolo da autonomia e liberdade espiritual do xamã, ele assinala uma das etapas capitais na via de isolamento que caracteriza o homem de conhecimento. Isolamento do comum dos homens, mas sobretudo desdobramento daquele que sobrevive a seu corpo em plena consciência e imita, antes de chegar a sua hora, a viagem definitiva no seio da morte.
"Um duplo é o próprio xamã revelado através de seu sonho". Dom Juan Matus
Vida Plena!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

MITOLOGIA NAVAJO




 

Os índios Navajo da América do Norte, acreditavam que Tsohanoai era o deus Sol. Ele assume forma humana e carrega o Sol às costas, todos os dias (coitado) através do céu. À noite, o Sol descansa, pendurado numa pega na parede ocidental da casa de Tsohanoai.
Os dois filhos de Tsohanoai, Nayenezgani (Matador de Inimigos) e Tobadzistsini (Criança de Água) viviam separados do pai, em casa da sua mãe, no extremo ocidente.
Quando se tornaram adultos, os dois decidiram procurar o seu pai e pedir-lhe ajuda para combater os espíritos maléficos que aterrorizavam e atormentavam a Humanidade.
Após muitas aventuras, eles conheceram a Mulher-Aranha, que lhes disse onde eles poderiam encontrar o deus Sol e deu-lhes 2 penas mágicas para eles se manterem seguros. Finalmente, chegaram a casa de Tsohanoai, onde ele lhes forneceu setas mágicas para conseguirem derrotar os Anaye, monstros maléficos que devoravam homens.
A filosofia religiosa dos navajos é ligada a natureza, que busca a harmonia, de uma ligação entre os homens e todas as fases da natureza atuam juntos, e os seres pequenos, aparentemente insignificantes, podem tornar-se tão importantes quanto os grandes e possantes. Há um panteão navajo, mas não uma verdadeira hierarquia. Os grandes deuses, às vezes, são eclipsados por criaturas modestas e humildes que podem realizar aquilo que eles não conseguem.
Todos os poderes, como a possível exceção de Mulher que Muda, são igualmente bons e maus, dependendo de sua natureza intrínseca, do modo como são abordados, de seu humor e das condições do momento, e do contexto de sua atuação. A maioria das cerimônias tem por finalidade persuadir os deuses a outorgar dádivas à humanidade, banir o mal e restaurar a harmonia natural são imagens e rituais vibrantes, que buscam a estabelecer a harmonia do ser humano do ser humano com as forças naturais a sua volta. É através desta interação que os xamãs evocam os poderes curativos da natureza, em ritos de purificação que incluem orações, cânticos e símbolos cristalizados em pinturas de areia e transmitidos de geração em geração. A cura dos navajos todo um sistema de crença (mitologia dos navajos) do paciente, liberando energia da identificação simbólica para recriar o mundo interior. Os mitos são o alicerce flexível sobre o qual os cantos de cura se assentam. Cada canto tem um mito associado, que descreve sua origem e aventuras do herói ou heroína que buscam obter dos deuses aquele canto.
Às vezes, as orações , os cânticos e as pinturas com areia, além da ação dos rituais, referem-se ao mito, mas não existem correspondências exclusiva. O mito não pode ser reconstituído a partir da cerimônia. Não é sequer exigido do xamã que ele conheça o mito do canto que dirige, embora deva conhecer detalhadamente tudo mais. É porém notável se ele dominar esse conhecimento.
Os rituais navajos organizam-se em torno do culto ao Sol. Em razão da ideia navajo de concepção, a crença de que está é devida a uma união da luz (calor) com a água (sêmen, umidade), o Sol como símbolo de luz, calor e quentura, domina de certa maneira todos os outros espíritos e deidades. Uma vez que todas as coisas aparecem aos pares - onde um domina e outro é dominado, um é mais forte e outro mais fraco - Mulher que Muda é o equilibrador do par. Seu poder talvez seja tão grande quanto o do Sol, mas qualitativamente diferente. Mulher que Muda (Istsá Natlehi) é o grande símbolo da terra com todas as suas variações sazonais, o poder da mulher de renovar a vida, o amor materno. Ela parece ter uma boa vontade consistente para com a humanidade.
Assim, o Sol e a Mulher que Muda formam o eixo central em torno do qual orbitam todos os outros poderes e seres. São a fonte fundamental de saúde e harmonia, têm o poder de fortalecer e rejuvenescer. De sua união vieram os Gêmeos Guerreiros, o Matador de Monstros (Naye Nezgáni) e o Filho da Água (Tobadsistsíni), que fazem árdua viagem para visitar seu Pai Sol e ganhar dele o poder para derrotar os monstros e libertar o povo (mitologia do Canto da Noite, que serve par libertar o paciente de ataques obsessivos). Ele e seus pais, Mulher que Muda e o Sol são a "Sagrada Família" da teologia navajo. Mulher que Muda e o Sol ligam-se também cada qual a um ser sobrenatural mais fraco, do mesmo sexo, que complementa ou amplia sua natureza: a Lua (Kléhanoi) é o irmão mais fraco do sol, e a Mulher Cocha Branca (Yolkáiestan) a irmã mais fraca de Mulher que Muda.
A Mulher Cocha Branca é um pouco mais dúbia e não confiável do que sua irmã. Está "Sagrada Família" foi um desenvolvimento posterior, dentro da história mítica dos navajos. Nos mundos inferiores dos mitos de origem, o Primeiro Homem e a Primeira Mulher eram os protagonistas e viviam as voltas com bruxarias e o mal. Coiote, Begochidi, o Deus Negro (ou Deus do Fogo), a Mulher Sal, os insetos e os outros animais estavam lá desde o princípio e tiveram papéis importantes na longa ascensão até a luz e a consciência. Além das figuras universais, todo canto parece Ter um mini-panteão próprio. O Canto da Chuva, de Pedra que Fala, do Povo Trovão, em que o Trovão Branco e o Trovão Negro são deidades de destaque. O Canto da Grande Estrela (o meu favorito) introduz o Povo Estrela, para quem a Grande Estrela é o grande sábio.
No Canto da Noite existem o povos sagrados especiais, geralmente chamados Yei, que na noite final são personificados pelos dançarinos que usam máscaras azuis e colares de sempre-vivas, e cantam numa voz de falsete, sinistra. Os Yei são conduzidos por Deus que Fala (Hastyéyalti), que é como um mentor severo para os heróis do canto, guiando-os e dirigindo-os em suas aventuras, e salvando-os de todo tipo de revés. Geralmente é identificado como o leste e os sol nascente. Seu grito Wu, hu hu hu é parecido com o chamado da manhã dos rituais Pueblo. Geralmente faz parte com Deus Lar como alguns preferem chamá-lo, que parece simbolizar a domesticidade, a paz, a fertilidade, e está associado com o oeste e o sol poente. Nesse sentido são ambos parte do complexo simbólico solar.
O mundo navajo é repleto de divindades. Toda força natural, cada elemento geográfico, toda planta, animal ou fenômeno meteorológico tem seu poder sobrenatural peculiar e pode ser representado por uma imagem personificada nas pinturas em areia. E ainda existe Begochidi! Ele é diferente de todos os outros e encarna a essência do paradoxo. Por um lado é filho do Sol, associado à luz e ao fogo, é uma deidade solar, criador da vida, que teve "relação sexual com tudo que existe no mundo". Neste aspecto benigno, é o patrono dos animais domésticos e de uso: é para ele que se reza pedindo que o cavalo seja muito bom. É retratado como figura solar com cabelo louro ou ruivo, e olhos azuis. Por outro lado, porém, Begochidi é um grande malfeitor e jogador. Ele pode mudar, se o desejar, e assumir qualquer forma de arco-íris, areia, água ventos, insetos, etc. Desmoraliza os outros deuses, mudando-lhes nuvens de insetos para mordê-los sem piedade, até que concordem com suas exigências. Esgueira-se por trás das meninas e belisca-lhes os seios gritando "Bego, bego"(diz-se que seu nome significa Aquele que agarra os seios"). Quando um caçador está fazendo mira, ele agarra seus testículos e estraga o tiro. Faz a mesma coisa quando um homem e uma mulher estão tendo relação sexual. Às vezes, Begochidi aparece como uma minhoca ou inseto que rasteja no pó e representa alguma coisa obscena. Favorece o sexo e a procriação, mas também é patrono dos travestis e veste-se como mulher.
No mito do Caminho da Traça, Begochidi vive com o Povo Borboleta como travesti. Está sempre pondo suas mãos nas virilhas dessas pessoas e dizendo "Bego, bego". Ele não deixa que se casem enquanto estiver cuidando delas. Um dia quando estava afastado, praticam incesto entre irmãos como consequências desastrosas. Todos ficam com a "loucura da traça" e se atiram ao fogo numa investida enlouquecida e precisam ser separados á força. Finalmente, é encontrada a cura com uso de medicamentos preparados à base de um litro de essência de coiote, texugo, raposa azul ou urso. Quando esse medicamento é ministrado, o irmão e a irmã sentam-se de costas um para o outro, e saem borboletas de suas bocas que se desvanecem no ar. Quando se busca um paralelo para a natureza de Begochidi, pensa-se logo em Mercúrio, tão necessário ao trabalho dos alquimistas. Mercúrio pode ser associado com o fogo, "o fogo universal e cintilante da luz da natureza, que contém em si o espírito celestial". Poderia ser uma criatura também lasciva e, eventualmente, foi representado em coabitação contínua. Num texto Rosa Cruz, sua natureza dual é demostrada primeiro na coabitação, depois na fusão ou mescla dos lados masculino e feminino, associado ao sol e a lua. Como diz Jung: "Ele é um demônio, um psicopompo redentor, e um traquinas esquivo, assim como reflexo de Deus na natureza física".
Assim, tanto Mercúrio como Begochidi combinam o mais baixo e o mais elevado, o traquinas lascivo e a unidade mística com Deus, a ligação do sol com a lua, uma sexualidade desvairada e a transcendência sexual. As duas dimensões podem tanto ajudar como impedir, dependendo de como foram abordadas. Begochidi é um símbolo de reconciliação que contém o bem e o mau, o alto e o baixo, o puro e o impuro, o másculo e o afeminado, e, assim, é um dos conceitos intuitivos mais audaciosos da filosofia religiosa nativa americana, uma engenhosa tentativa de expressar a natureza essencialmente paradoxal do homem, na imagem de um Deus.
Navajo Mythology é um sistema de crenças que é extremamente rica e expressiva, bem como complexo, com muitos contos. Mitologia Navajo é baseada no reconhecimento de que todas as histórias de encontrar um lugar dentro de várias épocas importantes da história sagrada, uma história que aconteceu " no início. As histórias são passadas de geração em geração por via oral e fornecem a base de Navajo vida e pensamento
A criação Navajo história centra-se na zona conhecida como o Dinétah, a terra tradicional do povo Navajo. Este mito da criação é a base para o modo de vida tradicional Navajo. O esquema básico do mito da criação Navajo começa com a Santa Supremo Vento que está sendo criado, a névoa de luzes, que surgiu através da escuridão para animar e trazer efeitos para o Povo miríade Santo, sobrenatural e sagrado em três diferentes mundos inferiores. Todas essas coisas foram criadas espiritualmente no momento antes da terra existia e no aspecto físico dos seres humanos, não existia ainda, mas não o espiritual.
No primeiro mundo as pessoas insetos começaram a brigar um com o outro e foram instruídos pelo Povo Santo para afastar. Eles viajaram para o segundo mundo e viveu por um tempo em paz, mas eventualmente eles lutaram entre si e foram instruídos a partida. No terceiro mundo a mesma coisa aconteceu de novo e eles foram obrigados a viagem para o quarto mundo. No mundo do quarto, eles encontraram a vida Hopi lá e não conseguiu lutar com um outro ou de seus vizinhos, e seus corpos foram transformados em formas de insetos de formas humanas. Eventualmente, no entanto, eles lutaram um com o outro novamente, e novamente foram instruídos a partida.
Primeira mulher e o primeiro homem fisicamente aparecer aqui formados a partir de espigas de milho branco e amarelo, mas eles também foram criados para trás no começo. Não há uma separação entre os seres humanos do sexo masculino e feminino, porque cada um não apreciam as contribuições dos outros, e isso as bases para o surgimento de monstros que iria começar a matar as pessoas no mundo que vem.
Coyote também aparece e rouba o bebê da água Monster, que traz uma grande enchente no terceiro mundo, que atinge principalmente as forças dos humanos, assim como povo santo ao caminho para a superfície de quinto mundo através de um caniço oco. Algumas coisas são deixadas para trás e algumas coisas são trazidos para ajudar as pessoas recriar o mundo, cada vez que entra um novo.. Death and the Monsters nascemos neste mundo, como está mudando Mulher, que dá à luz os gêmeos do herói chamado "Monster Slayer" e "Criança das Águas", que tinha muitas aventuras em que ajudou a livrar o mundo do mal muito. Pessoas Earth Surface, mortais, foram criados no quarto mundo, e os deuses lhes deu cerimônias que são praticados ainda hoje.
Hogans
Habitações Navajo, chamado hogans, são sagrados e construído para simbolizar a sua terra: os quatro posts representam as montanhas sagradas, a palavra é a mãe terra, ea cúpula do tipo de telhado é o pai do céu.
Quatro Montanhas Sagradas
A religião Navajo é diferente na medida em que deve ser praticado em uma área geográfica específica, conhecida como a Dinétah (a pátria Navajo tradicional). Navajo pessoas acreditam que o Povo Santo instruiu-os para nunca deixar a terra entre quatro montanhas sagradas localizado no Colorado, Novo México e Arizona.
Ao sul, é Mount Taylor; a oeste são os de San Francisco Peaks, a leste é Blanca Peak, e para o norte é Hesperus Peak.. Há um objeto sagrado e uma cor que representa cada um dos quatro pontos cardeais. A leste é o céu da manhã branca, sua pedra preciosa é casca branca.. Para o oeste é o amarelo e a pedra correspondente abalone é amarela. Para o norte é a preto e jato.



 

O SILÊNCIO DE UM POVO

 



“Há cerca de 85 mil anos, os remanescentes relativamente puros da raça vermelha foram em massa para a América do Norte e, pouco depois disso, o istmo de Behring afundou, isolando-os assim. Nenhum homem vermelho jamais retornou à Ásia. No entanto, em toda a Sibéria, na China, na Ásia central, na Índia e na Europa, eles deixaram para trás muito do seu sangue misturado a outras raças coloridas”. Livro de URÂNTIA – pág. 723 

As tradições apontam que acima de 80 mil anos atrás já existiam registros da presença do povo Pele Vermelha entre nós, e sempre mantiveram um diferencial dos outros povos: O profundo amor pela Mãe Terra. 

Os Peles Vermelhas, que fizeram parte da 3ª. Sub-Raça da 4ª. Raça Mãe e que em sua origem se intitulam “Filhos da Estrelas”, sabem de sua origem cósmica e também o motivo pelo qual vieram se instalar neste planeta e viver a experiência terrestre e hoje os seus descendentes diretos são os Índios que se estendem nos três continentes Americanos. 

Os Índios mantiveram durante todos estes milênios o seu compromisso de amor pela Mãe Terra, não abrindo mão de seus objetivos sagrados, vivendo nos solos que pisaram seus ancestrais, praticando o padrão de vida social e espiritual que seus anciões lhes ensinavam oralmente, em harmonia com todos os elementos da natureza, mesmo que o preço disso fosse suas próprias vidas. 

Em toda bibliografia estudada, as opiniões unânimes apontam a Raça dos Peles Vermelhas como a mais amorosa de todas as raças, procurando viver apenas no hoje, agrupando-se em tribos e comunidades, onde tudo sempre foi compartilhado; praticavam a monogamia; o respeito total a natureza, a tudo o que cresce, que nasce, às águas, ao solo onde nasceram, aos idosos, crianças e mulheres. 

Esta falta de cobiça, ou não estar incutido em sua cultura o desejo da manipulação, de tirar vantagem ou enganar, e praticarem uma certa ingenuidade diante daquele que não tem estes valores, possibilitou que os índios, fossem presas fáceis, diante do contingente conquistador da raça ariana, povo eminentemente mental, que contrastava em quase tudo com um povo amoroso e intuitivo. 

Cada povo tem sua missão. A missão do povo Vermelho é da amorosidade com a Mãe Terra e com todos os seres que esta Mãe produz. Por isso, para o índio a terra é importante e sagrada, como também a água dos riachos e fontes, o fogo que aquece; o ar que sopra nos vales e montanhas, as florestas que nos ajudam a respirar e fornecem vida; os animais que nos alimentam e nos servem e são nossos parceiros eternos, etc. 

Tudo é importante e sagrado justamente por ser cada um destes elementos citados, uma parte do corpo da Grande Mãe. Tudo é sincrônico e interligado. Tudo é Um. O Índio sabe disso desde o seu nascimento. Esta é sua cultura e sua missão. 

Eu que hoje sou branco e ariano, estou buscando na minha ancestralidade vermelha, o “redespertar” desta amorosidade por todos os seres que habitam a Patcha Mama e percebo que aos poucos as lembranças de uma vida plena com a natureza, estão sendo resgatadas, nas tradições das aldeias que cultuavam seus totens, nas lindas e frias regiões do que hoje é conhecido como Canadá. É possível que você que me lê, e sinta no coração a presença deste povo, esteja também fazendo este resgate ou irá fazê-lo em breve. O Povo Vermelho das Estrelas está saindo do seu grande silêncio e trazendo-nos a possibilidade de resgatarmos através do milenar saber, uma maneira nova de viver, que é viver em contato com a natureza, respeitar cada ser vivo, e ficar a cada dia no seu momento presente, pois só temos o dia de hoje para vivermos. 

Jamais me esquecerei daqueles momentos dramáticos de 11 de setembro de 2001, quando participava da egrégora do Grupo Júlia Magalhães e num dos trabalhos de sustentação energética ao planeta em conjunto com os Mestres Ascensos, eu e vários companheiros daquela noite, visualizamos uma corrente espiritual com guerreiros e soldados de todos os povos que já habitaram o planeta, agrupados em colunas indianas e que praticamente dava volta no globo terrestre, e quem estava na frente, na primeira coluna e lideravam todos estes guerreiros, eram os nossos irmão índios, e o comando de toda a corrente é feita por um cacique com um cocar de penas da cor do arco-íris, que além de todo iluminado, chega a se arrastar no chão. 

Qual seria o motivo pelo qual numa reunião espiritual de todos os povos que já habitaram o planeta, com todos seus soldados e guerreiros, enfileirados em compactas colunas e eram tantos que chegavam parecer que até davam a volta no planeta, e tendo os nossos irmãos índios comandando? 

Será que é um erro espiritual tê-los neste comando? Ou será a conquista espiritual de um povo, que durante muitos séculos praticaram um “grande erro” de amarem a Grande Mãe e tudo o que vive sobre ela, e neste momento, se levanta do seu Grande Silêncio e vem provar a todos que não foi em vão estarem em profundo silêncio e nos últimos 5 séculos de muito sofrimento foram quase dizimados pela raça ariana, mas firmes e amorosos, intuíram a sua missão sagrada e estiveram o tempo todo como guardiões do mais valioso que existe neste planeta, que é a própria vida e o chão em que pisamos? 

Esta foi a minha primeira informação e contato visual com a Corrente do Arco Íris, a maior corrente espiritual em atividade no planeta Terra, e que tem a missão de resgatar a paz entre os povos, a harmonia da vida e possibilitar que a consciência da nova era, seja implantada na terra. Essa Consciência Crística, tem como uma das suas premissas básicas, o amor à Mãe Terra, pois como afirma o Mestre Sananda em mensagem canalizada na Holanda por Pámela Kribbe “É natural amar a Terra e tudo o que ela oferece, e sentir prazer com as coisas lindas e encantadoras. Amar a Terra e a realidade material cria um fluxo de abundância”. 

O Povo Vermelho saiu do seu grande silêncio. Observe quantas pessoas hoje reclamam pelo mundo o descaso com a natureza, a sufocante poluição, o eminente perigo do aquecimento global. Quem você acha que são estas pessoas? Você já viu alguma outra raça defender a vida a natureza, como os índios? Certamente que não e creia que todos estes que estão fazendo estes movimentos salvadores da vida estão saindo do grande silêncio e despertando como todo Pele Vermelha, gritando agora, para voltarmos a ter a vida que todos nós merecemos ter: “A de amor e respeito por tudo que existe na natureza e que todos tenham o mesmo direito a compartilhar toda a vida terrena”.