Oração Cherokee
ORAÇÃO CHEROKEE
Eu caminho para dentro e para fora de muitos
mundos".
Em minha
mente, há muitas moradas.
Cada uma destas, criamos nós mesmos - a morada da raiva, a morada do desespero, a morada da auto-piedade, a morada da indiferença, a morada do negativo, a morada do positivo, a morada da esperança, a morada da alegria, a morada da paz, a morada do entusiasmo, a morada da cooperação, a morada da doação.
Cada uma dessas moradas visitamos todos os dias.
Podemos permanecer em cada uma delas o tempo que quisermos.
Podemos abandonar cada uma dessas moradas mentais no momento que desejarmos. Nós criamos a casa, nós ficamos na casa, nós saímos da casa quando bem quisermos.
Podemos criar novos aposentos, novas casas. Quando entramos nestas moradas elas tornam-se nosso mundo até que a deixemos por outra. Grande Espírito, ninguém pode determinar a morada que devo escolher entrar.
Ninguém tem o poder para isso, a não ser eu mesmo.
Permita-me que
hoje eu escolha sabiamente.''
Joy
Harjo,Cherokee
Os cherokees[1] ou cheroquis[2][3] (em cherokee: ᎠᏂᏴᏫᏯᎢ Aniyvwiyaʔi, ou ᏣᎳᎩ,Tsalagi) são um povo ameríndio da América do Norte. São uma tribo da nação iroquoisque, até o século XVI, habitava o actual território do leste dos Estados Unidos, até serem expulsos para o Planalto de Ozark. Nos Estados Unidos, são conhecidos como uma das "cinco tribos civilizadas".
As dualidades são existentes em toda a raça humana... diferenças entre povos, quer na maneira de agir, de educar, de sobreviver, e de aceitarem uns aos outros são visíveis ainda em várias aldeias, e a miscigenação, não era bem aceita nas tribos indígenas, ao contrário do que se podia imaginar...
Bandeira da nação Cherokee, com cerca de
290 mil cidadãos. Os cherokees vivem uma situação ambígua: possuem leis, governo
e tribunais próprios, mas, ao mesmo tempo, são cidadãos dos Estados Unidos e
devem obedecer às leis do país
Se alguém ainda acredita na solidariedade
natural entre as ditas classes oprimidas, a crença pode ter ido por terra mês
passado. Tentando colocar um ponto final em uma disputa iniciada há quase 150
anos, os índios cherokees, dos Estados Unidos, resolveram excluir de sua nação
os descendentes de seus escravos negros, argumentando que a eles falta sangue
índio.
Conhecendo a opressão e a violência a que
ambos índios e negros foram expostos nos Estados Unidos, não seria esta a
história que esperaríamos ouvir.
Não foi, pelo menos, o que a historiadora
Tiya Miles, professora da Universidade de Michigan e autora do livro Ties
that bind: the story of an afro-cherokee family in slavery and
freedom (University of California Press, 2005), esperava ver quando começou
a estudar o tema.
Ela imaginava que, ao estudar a longa
relação entre os índios cherokee e os descendentes de africanos, encontraria
histórias de alianças raciais e interculturais entre os dois grupos, ambos
resistentes à escravidão e ao colonialismo.
Não podia estar mais errada. Quanto mais
estudava o assunto, mais se espantava com as histórias que descobria. Por um
lado, eram trajetórias de famílias misturadas, cherokee e africanas. Por outro,
ouvia relatos de pessoas que tinham vergonha das origens interraciais de suas
famílias e defendiam que, caso essas histórias fossem divulgadas, a própria
soberania cherokee estaria ameaçada.
Pacto de igualdade
O caso é bem complicado. Os cherokees são
uma tribo indígena originária do sul dos Estados Unidos (região que compreende
parte dos atuais estados da Georgia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e
Tennessee). Desde o século 19, eram tidos pelos colonizadores europeus como uma
tribo altamente civilizada, tendo assimilado várias de suas práticas; entre
elas, a de ter escravos africanos.
Não estamos falando
de pouca coisa. A tribo
Cherokee, formalmente
reconhecida como nação, é a segunda maior dos Estados Unidos e uma das maiores
empregadoras do estado de Oklahoma. Sua economia tem grande impacto na região.
Seus mais de 290 mil cidadãos têm direitos e benefícios, como seguro saúde e
auxílio alimentação.
Como nação independente, os cherokees
possuem leis, governo e tribunais próprios. Sua constituição data de 1839. Mas,
ao mesmo tempo, são cidadãos americanos e devem obedecer às leis dos Estados
Unidos.
Para manter sua cultura e ancestralidade
comuns, seria mesmo necessário reforçar a impossível linhagem
sanguínea?
Essa situação ambígua só deixa a questão
mais complicada. Se os índios cherokees devem obedecer às leis dos Estados
Unidos, como podem tomar uma decisão que desrespeita as leis federais do país? A
Suprema Corte Americana pode interferir nas decisões da Suprema Corte
Cherokee?
Para além da esfera jurídica, qual é a
legitimidade política dessa decisão? Seria o movimento de expulsar os
descendentes de africanos das tribos indígenas um exercício legítimo de
soberania tribal? Para manter sua cultura e ancestralidade comuns, seria mesmo
necessário reforçar a impossível linhagem sanguínea?
Ao que parece, entre os cherokees, sim.
Em 2007, eles aprovaram uma emenda constitucional estabelecendo que, para
continuar sendo índio cherokee, era preciso ser puro-sangue. Foi esta a decisão
ratificada pela Suprema Corte Cherokee no mês passado.
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