sábado, 27 de junho de 2015

TRÊS DIMENSÕES DA CONSCIÊNCIA






VIAGEM NAS TRÊS DIMENSÕES DA CONSCIÊNCIA


Cosmologia é a opinião da estrutura do universo e do sistema que compõem as palavras da criação, é visão da natureza do universo.
 Este tipo de simbolismo no xamanismo, de uma forma geral, mostra a conexão de três mundos que pode variar segundo as diferentes tradições.
Interessante notar que para obter um processo de transcendência para muitas religiões, pressupõe passar por uma trindade sagrada, que possuem um eixo central, ou se unificam num só.
 Segundo Pitágoras o três reina em toda parte, e a Mônada é o seu princípio”.Corpo, Alma e Espírito é a classificação básica do ser humano. No próprio corpo físico temos cabeça, tronco e membros.
 Segundo a teosofia (Blawatsky), existem três representações distintas do Universo programadas em nossa mente: o pré-existente (evoluído de) o sempre-existente; e o fenomênico – o mundo de ilusão, o reflexo e sua sombra.
 Segundo muitas concepções religiões há o Deus Uno , o Logos, onde tudo procede, desdobra-se, em seguida, numa Sagrada Trindade.: Espírito – Consciência – Matéria, ou Pai Divino – Filho Divino – Mãe Divina.
Na antiguidade, os deuses era agrupados em três, se estendendo no Egito, na Grécia, e em Roma nos séculos antes, durante e depois de Cristo.
 E após a morte dos apóstolos, também no cristianismo.
No Cristianismo, alude-se a Pai, Filho e Espírito Santo e também Jesus, Maria e José.
 No Hinduísmo, Shiva (o Destruidor ou Regenerador), Vishnu (o Conservador) e Brahma (o Criador) ou, Agni, Surya e Vayu.
 No Egito: Osíris - o Pai Solar, Ísis - a Deusa Mãe Lunar e Hórus, o Filho e, também Amon-Rá, Ramsés II e Mut .
 Na Babilônia : Anú, Hea e Bel . Na Cabala as três supremas Sephiroth (ou Emanações) da Árvore da Vida: Kether (Coroa ou Poder), Chokmah (Sabedoria) e Binah (Inteligência, Compreensão ou Entendimento).
No xintoísmo o grande Kami-natureza é de certa forma o CAOS, o ABSOLUTO, a fonte e origem de tudo, ou o Não-Ser, o princípio fundamental.
 Deles saiu os Kami, que são a "via", a luz, e o ser humano.
O ser humano é dotado com a capacidade de incorporar o grande Kami-natureza e atingir a "via", então essas 3 entidades, o ser Humano, a "via" e o Absoluto tornam-se um só..
Jorge Adoum, o Mago de Jefa, ensinava que o Homem Deus é a trindade manifestada no corpo.
 Em seu livro " As Chaves do Reino " colocou que por todos os centros magnéticos do Homem fluem três energias : Eletricidade, Fogo Serpentino e Energia da Vida. Eliphas Lévi dizia:
 " Há três Mundos inteligíveis, que se correspondem uns aos outros.
 O Mundo Natural ou Físico, o Mundo Espiritual ou Metafísico, e o Mundo Divino.
Entretanto, a idéia central é a mesma.
 É composta de três mundos e de uma linha central, onde há um portal, ou abertura.
 É por essa abertura que, no xamanismo, a alma em êxtase, pode voar para cima ou para baixo durante suas viagens.

Segundo Mircea Eliade, a técnica xamânica, por excelência, consiste em passar de uma região cósmica para a outra : da Terra ao Céu, ou da Terra aos Infernos.
 Essa comunicação é possível porque as três regiões são unidas entre sí por um eixo central.
 Esse eixo passa por uma abertura onde os mortos baixam às regiões subterrâneas e, por onde os Deuses descem a Terra, e, também, a alma do xamã em êxtase pode subir ou baixar durante sua viagem ao Céu ou aos Infernos.
Este eixo central ou Centro representa o Espaço Sagrado

Segundo diversas crenças xamânicas, existem aberturas para viajar no mundo espiritual, geralmente as entradas são em formas circulares.
 Essas aberturas, rodas, túneis, buracos ou cavernas também existem dentro de nós mesmos.
 Através de desenhos em paredes de cavernas, estátuas, pinturas, os xamãs de diversos povos retratam o mundo espiritual dentro de nós.
 O exemplo são os chakras.Os centros de energia humanos estão localizados ao longo da linha da espinha, que acumula fina luz de energia, de cuja aura é composta.

No xamanismo sempre saúdo o Mundo Subterrâneo, o Mundo Intermediário, o Mundo Superior.
 Os xamãs são os viajantes capazes de atravessar essas Zonas Cósmicas, de uma para a outra.
 A viagem que me refiro é o vôo da alma, que é conseguida através do transe. Nessas viagens os xamãs recuperam almas perdidas, buscam poder e conhecimento, encontram-se com espíritos, etc.
Nas minhas jornadas inicio relaxando meu corpo físico e me desprendendo dele, com a visualização do local de poder .
 Um espaço sagrado da nossa mente. Lugar de repouso e tranqüilidade.
 Com meus olhos internos vejo meu corpo mental passeando pelo local de poder até encontrar um lugar para repousar.
Aos poucos vou visualizando e sentindo que meu corpo espiritual vai de desprendendo do meu corpo mental e assim vai caminhando pelo local até encontrar uma abertura na terra.Entro por essa abertura que dá num túnel até a entrada de um outro mundo. Um mundo paralelo.
 A partir desse mundo, posso ir para onde quiser.
 Nesse mundo estão os animais de poder, por exemplo.
Os Kahunas, xamãs havaianos, tratavam a mente consciente como Uhane = Eu Médio, a mente subconsciente de Unihipili = Eu Básico,e, Aumakua = Eu Superior.
 Max Fredon Long, em suas cartas aos estudantes da filosofia Huna, afirmava que quando os três estão em harmonia e trabalham juntos, podem operar verdadeiros milagres.
 Explicou aos seus alunos que o "Eu Médio" é o que reconhece a sua própria existência, é a razão e a habilidade de raciocínio. O "Eu Básico" é sujeito a sugestão, é o subconsciente, controla as funções do corpo.
 O "Eu Superior" é o superconsciente, o próprio Anjo da Guarda, é onde se expressa toda a qualidade divina.
Um outro princípio xamânico para as Zonas Cósmicas é a "*Arvore da Vida*", onde nos troncos se encontra o Mundo Intermediário, e se relaciona com a realidade ordinária. Nas raízes o Mundo Subterrâneo, o local dos ancestrais, onde nos ligamos aos arquétipos. Nos ramos, o Mundo Superior, que é o lugar da inspiração, da União com a Divindade
Para os incas o Mundo Intermediário era representado pelo Puma, que simboliza a Terra. É. É a força e poder. É o mundo que vivemos.
O Mundo Subterrâneo é representado pela Serpente, da onde parte a energia. E, o Mundo do Alto, o Mundo Celestial, é representado pelo Condor.

MUNDO INFERIOR OU SUBTERRÂNEO


Neste mundo conectamo-nos com os espíritos das plantas, dos animais, dos minerais, e espíritos humanos.
 É aonde reside os mistérios da Mãe-Terra. Nesta viagem podemos aprender sobre a utilização de ervas medicinais, o uso de cristais e sobre o talento dos animais.
Também encontramos com a nossa sombra.
 A parte mais obscura do nosso ser. Também estão nossos instintos. É o mundo dos símbolos, dos arquétipos.
img


MUNDO intermediário


Onde é possível viajar no passado e no futuro. Respostas para diversas questões da realidade ordinária podem ser obtidas nessa Zona.


MUNDO SUPERIOR


É onde conectamo-nos com os mestres é o local da inspiração, da criatividade, da liberdade. 
Onde nos conectamos com nossos guias e mentores espirituais.
Para o xamã não existe uma preferência de zonas, pois todas elas tem sua importância no Universo.
Eliade também descreve a Montanha Cósmica, que faz positivamente a relação entre a Terra é o Céu, assim como o Pilar do Mundo.
A ideia da Montanha Cósmica era familiar para os povos primitivos da Sibéria e também em outras culturas.
A montanha cósmica é uma outra imagem mítica do centro do mundo. Narra uma lenda siberiana que o primeiro shaman, Bai Ulgan, está assentado no alto da montanha.
 A montanha cósmica faz a conexão entre a terra e o céu. Os buriatas dizem que a Estrela Polar está presa a seu topo.
 Os deuses agarraram esta montanha cósmica e agitaram o oceano primordial, dando o nascimento ao universo.
 Um futuro xamã pode escalar a montanha cósmica durante sua iniciação. Ascender à montanha significa sempre uma viagem ao mundo central.
No Egito, na Índia, tribos norte-americanas, China, Grécia, e outras também. Por exemplo; o Monte Olimpo para os gregos; o Monte Meru para os hindus, Machu Pichu para os peruanos, o Monte Fuji, para os japoneses; o Monte Shasta, para os norte-americanos.
 O seu significado é semelhante ao da Arvore Cósmica, o centro do mundo, e foi apresentado de muitas maneiras.

Estados Alterados





 Nós, seres humanos, passamos a maior parte de nossa vida,acordados num estado comum de consciência, porque a maior parte da nossa humanidade entende que é o estado "normal", mas avanços da ciência mostram que o nosso cérebro produz suas próprias substâncias, veiculo para alterar a mente.
Entendo que a busca por estados diferenciados de consciência faz parte da natureza humana.
 Podemos observar isso em crianças, nas brincadeiras de rodopiar até ficarem tontas, ao experimentarem prender a respiração, etc.
Acredito que o ser humano é um buscador de experiências, alguns buscam enfrentando perigos da natureza,no êxtase religioso, nos esportes radicais, no sexo, nas danças, na música, nos esportes.
 O mesmo acontece nas experiências psicodélicas, com as drogas permitidas como o álcool, com práticas de meditação.
 Ela é parte legítima da condição humana
Os estados alterados de consciência no xamanismo, que aqui prefiro chamar de Estados Sagrados de Consciência,
 não envolvem apenas o transe, e sim a capacidade de viajar na realidade incomum com o objetivo de encontrar-se com espíritos animais, plantas, mentores, obter insignes, para curas, etc. 
Estas incluem experiências fora- do- corpo, mudança de forma, transformação em animais, viagens através do tempo (passado ou futuro
Os estados alterados de consciência incluem vários graus; Stanley Kryppner chega a classificar vários estados diferentes de consciência.
 São através desses estados que conseguimos nos conectar com nossos mitos, símbolos, nossa verdade interior.
 Conseguimos expandir a nossa percepção para os mistérios que estão guardados em nós mesmos.Aprendemos a sentir, ver e ouvir a energia.
img 
Nos religamos com o Sagrado e com a fonte criativa de tudo o que nos acontece, alcançamos níveis profundos do nosso ser.

Eliade fala do êxtase, Castañeda do nagual. Nirvana, samadhi, alfa, transe, satori, consciência cósmica, supra-consciência, e outros nomes, para a mesma manifestação.
Os xamãs compreendem a conexão o corpo, alma e mente, de forma sagrada, espiritual.
 O trabalho do xamã tem efeito terapêutico ao induzir estados alterados de consciência e criar imagens que comunicam-se com tecidos e orgãos, e até células para promoverem mudanças.
Existem diversas técnicas ou rituais para se chegar a estados mais profundos de consciência, dentre elas: tambores, danças, jejuns, plantas de poder, respirações, posturas corporais, e outras.
 Através desses estados sagrados nós alcançamos uma experiencia divina, acessamos uma fonte de Sabedoria Superior, curamos nosso corpo, nos conhecemos melhor através das visões, expandimos a nossa consciência.
Michael Harner no seu livro O Caminho do Xamã, , chama o estado alterado de consciência (EAC), como Estado Xamânico de Consciência (EXC). 
Ele compara o EXC e o Estado Comum de Consciência (ECC), ao que Castañeda chamava de " Realidade Incomum e Realidade Comum ".
Harner exemplifica a diferença entre esses estados, por meio de animais, dragões, grifos e outros animais que consideraríamos míticos quando estamos em ECC, mas que são "reais" quando estamos em EXC
Carlos Castañeda narrava um universo uno e ao mesmo tempo duplo : o tonal e o nagual. 
O tonal representa tudo aquilo que captamos e percebemos diariamente, o mundo ordinário.
O nagual é aquilo que existe, mas raramente conseguimos perceber, é o mundo não ordinário ou extraordinário, o reino do desconhecido.
O nagual não pode ser percebido racionalmente.
 É a sensação que vai além da razão, tornando irrelevante qualquer tipo de questionamento.
 Se é verdade ou não !
img

O "sonhar", que se referia Castañeda ,é a síntese da arte que aprendeu com Dom Juan Matus.
É transpor os limites da percepção do dia-a-dia, penetrar pelas camadas do tonal e do nagual, poder voar deixando o corpo parado
Os caminhos do xamanismo são acima de tudo, espirituais.
 A prática xamânica compreende a capacidade de entrar e sair de estados alterados.
 No xamanismo considera-se a doença como originária do mundo espiritual.
 A maior atenção não é dada para os sintomas, ou a doença em si, mas a perda de poder pessoal que permitiu a invasão da doença.
Sentimentos, pensamentos e imagens podem, na realidade, causar liberação de substâncias químicas.
 Um equilíbrio químico é essencial à manutenção da saúde.
As imagens e visões, são usadas como instrumentos para reestruturar o significado de uma situação, de modo que ela deixe de criar sofrimento.
As imagens transmitem mensagens compreendidas pelo sistema imunológico. Elas ligam os pensamentos conscientes aos glóbulos brancos.
Saúde é estar em harmonia com a visão do mundo.
 É uma percepção intuitiva do Universo e de Todas as Suas Relações.
No xamanismo aprendemos a nos comunicar com animais, plantas, estrelas e minerais, conhecemos a morte e a vida e não vemos diferença entre elas. Expandimos para além do estado ordinário de consciência para experimentar as vibrações do Universo.
Se eu tivesse que escolher umas palavras para definir o êxtase, eu diria: INDESCRITÍVEL.
Posso dizer o que eu senti e que acho ser um êxtase: Um estado de fusão com o Universo, nada falta, não há tempo, espaço, formas.
 Um estado de plenitude, sentindo a alma voar, ver e sentir belezas, cores, sons. 
Um encontro com "Algo Superior", uma sensação de amor e de saúde. 
O encontro com o Eterno, lindas visões..... 
Um Estado Superior de Consciência que lhe proporciona mudança de valores, aperfeiçoamento pessoal nas virtudes, amor à vida e a natureza e ao próximo.

Estado Xamânico de Consciência


img 
Michael Harner coloca que o xamã tem uma vantagem: é capaz de mover-se entre estados de consciência à vontade.
 Pode entrar no ECC de alguém que não seja xamã e concordar, honestamente, com ele, sobre a natureza da realidade vista a partir daquela perspectiva. Então o xamã pode voltar ao EXC e obter uma informação direta do testemunho de outras pessoas, que relataram suas experiências quando naquele estado.
Pode-se argumentar que nós, seres humanos, passamos a maior parte de nossa vida, quando acordados em ECC, porque a seleção natural entende que assim deva ser, considerando que essa é a realidade real, e os outros estados de consciência, que não o sono, são aberrações que interferem na nossa sobrevivência.
Em outras palavras, tal argumento pode ser aceito, nós percebemos a realidade da forma como costumamos percebê-la porque esse é sempre o melhor modo, em termos de sobrevivência. 
Todavia, avanços da neuroquímica mostram que o cérebro humano leva consigo suas próprias drogas para alterar a consciência, incluindo alucinógenos tais como a dimetilamina.
Em termos de seleção natural, parece pouco provável que esses alteradores da consciência viessem estar presentes, a menos que a sua capacidade de alterar o estado de consciência trouxesse alguma vantagem para a sobrevivência.
 Ao que parece, a própria natureza resolveu que um estado alterado de consciência é, as vezes, superior ao estado comum.
No Ocidente estamos apenas começando a apreciar o importante impacto que o estado da mente pode ter sobre aquilo que foi antes, com excessiva frequência, tomado como questões de propriedade puramente "física".
Quando, numa emergência, um xamã aborígene australiano ou um lama tibetano empenha-se numa "viagem rápida" - um transe da técnica em EXC para percorrer longas distâncias a grande velocidade - isso é, claramente, uma técnica de sobrevivência que, por definição, não é possível em ECC.
Da mesma maneira, estamos aprendendo que muito dos nossos atletas mais bem sucedidos entram em estado alterado de consciência quando estão tendo os seus melhores desempenhos.
Levando tudo isso em conta, parece impróprio argumentar que apenas determinado estado de consciência é superior em todas as circunstâncias. 
 De há muito o xamã sabe que essa suposição não somente é falsa, mas também é perigosa para a saúde e o bem estar.
Usando milênios de conhecimentos acumulados, bem como suas experiências diretas, o xamã sabe quando a mudança de um estado de consciência é aconselhável ou mesmo necessária.
M.Harner acrescenta que em Estado Xamânico de Consciência, o xamã não só passa por experiências que são impossíveis em ECC, mas também as realiza. Mesmo que fosse provado que todas as experiências xamânicas em EXC estão apenas na mente do xamã, isso não faria esse domínio menos real para ele.
 Na verdade, tal conclusão significaria que as experiências e as realizações xamânicas não são impossíveis, seja qual for o seu sentido.
Continuando com M.Harner :
" O estado "extático" ou alterado de consciência e a sábia perspectiva que caracteriza o trabalho xamânico podem ser chamados, utilmente, de Estado Xamânico de Consciência (EXC).
Ele não envolve apenas um transe ou um estado transcendente de discernimento, mas também um sábio discernimento dos métodos e suposições quando se está nesse estado alterado. O EXC se opõe ao Estado Comum de Consciência (ECC) ao qual o xamã retorna depois de ter feito seu trabalho característico. O EXC é a condição cognitiva na qual a pessoa percebe a realidade incomum (Castañeda).
O que se sabe sobre o EXC inclui informação sobre a geografia cósmica da realidade incomum, para que seja possível saber para onde viajar no intuito de encontrar o animal, a planta ou outros poderes apropriados.
 Isso inclui o conhecimento de como o EXC dá acesso ao Mundo Profundo Xamânico.
img

Esse conhecimento inclui discernimento, por parte do xamã, de que deve haver uma missão específica premeditada quando se está em EXC.
 A realidade incomum não é abordada por brincadeira, mas em virtude de sérios propósitos.
 O xamã é a pessoa que trabalha em EXC e deve conhecer os métodos básicos para realizar esse trabalho.
 Se, por exemplo, ele deseja um animal guardião de poder de um paciente e o tira do Mundo Profundo, deve conhecer a técnica para chegar lá, entrando nele, encontrando o animal de poder e levando-o de volta em segurança. Subsequente mente, em ECC, deve saber quais são as instruções a dar ao paciente.
Em EXC, o xamã sente, tipicamente, uma alegria inefável por aquilo que vê, um temor respeitoso pelos belos e misteriossos mundos que se abrem diante dele.
 Suas experiências são como sonhos, mas sonhos despertos que sentem como reais e nos quais ele pode controlar suas ações e dirigir suas aventuras. Enquanto está em EXC, muitas vezes fica estupefado pela realidade daquilo que se apresenta.
Ganha acesso a um Universo Novo, ainda que familiarmente antigo, que lhe dá profunda informação sobre a significação de sua própria vida e morte e de seu lugar na totalidade da existência como um todo.
Durante suas grandes aventuras em EXC, ele mantém o controle consciente do rumo de suas viagens , mas não sabe o que vai descobrir.
É um confiante explorador das infinitas mansões de um magnificiente universo oculto.
 Finalmente, traz de volta à mente suas descobertas para estruturar seus conhecimentos e ajudar outras pessoas.
O Estado Alterdo de Consciência, componente do EXC, inclui vários graus de transe, que vão desde o essencialmente leve (alfa) ao muito profundo (coma temporária). Normalmente o EXC permite plena recordação da experiência quando o xamã retorna ao ECC.
O componente aprendido no EXC inclui a atribuição de plena realidade às coisas que a pessoa vê, sente, ouve e que, de outra forma, experimenta em estado alterado de consciência
Essas experiência empíricas diretas não são vistas pelo xamã como fantasia, mas como realidade imediata. 
Ao mesmo tempo, o xamã identifica a distinção existente entre a realidade do EXC da que existe em ECC e não confunde as duas. 
Sabe quando está num ou noutro desses estados, e entra em cada um deles por livre escolha.
Os preceitos aprendidos que usa enquanto está em EXC incluem a suposição de que animais, plantas, seres humanos e outros fenômenos vistos em estados alterados de consciência são inteiramente reais , dentro do conceito da realidade não material ou incomum, na qual eles são vistos.
O xamã entra em EXC para ver essas formas não materiais e interagir com elas. essas formas não são vistas em ECC e não constituem parte da realidade comum.
O aspecto aprendido em EXC envolve profundo respeito por todas as formas de vida, com humilde compreensão da nossa dependência em relação às plantas, animais e mesmo à matéria inorgânica do nosso planeta.
O xamã sabe que o ser humano está relacionado com todas as formas de vida, que todos são "nossos parentes".
Tanto em EXC como em ECC, o xamã aproxima-se das outras formas de vida com respeito familiar e compreensão.
Reconhece sua antiguidade, seu parentesco e seus poderes especiais.
Assim sendo, o xamã entra em EXC demonstrando reverência pela natureza.
Reverência pelos poderes inerentes aos animais selvagens e por todos os gêneros de plantas, pela sua insistente capacidade de sobreviver e florescer ao longo de uma existência que se afirma através dos incontáveis períodos planetários.
Quando procurada em estado alterado de consciência com respeito e amor - o xamã acredita -, a Natureza está preparada para revelar coisas que não podem ser conhecidas num estado comum de consciência.

Tonal e Nagual


Carlos Castañeda narrava um universo uno e ao mesmo tempo duplo : o tonal e o nagual. O tonal representa tudo aquilo que captamos e percebemos diariamente, o mundo ordinário.
img

O nagual é aquilo que existe, mas raramente conseguimos perceber, é o mundo não ordinário ou extraordinário, o reino do desconhecido.
O nagual não pode ser percebido racionalmente.
 É a sensação que vai além da razão, tornando irrelevante qualquer tipo de questionamento. Se é verdade ou não !
O "sonhar", que se referia Castañeda ,é a síntese da arte que aprendeu com Dom Juan Matus.
 É transpor os limites da percepção do dia-a-dia, penetrar pelas camadas do tonal e do nagual, poder voar deixando o corpo parado.
Dom Juan dizia que a essência do ser é o ato de perceber, e a magia do ser, o ato da consciência.
 Percepção e consciência formam uma unidade que possui dois domínios : a primeira e a segunda atenção.
A primeira atenção consiste na capacidade de organizar o mundo cotidiano; a segunda, na capacidade que todos tem (mas pouco utilizam) de organizar o mundo não comum.
Para sonhar é preciso desenvolver a segunda atenção, e apenas sonhando essa capacidade se desenvolve.
Não existem fórmulas para se chegar à segunda atenção, do mesmo modo que não foi através delas que alcançamos a primeira.
img

Os passos necessários vão sendo encontrados no próprio caminho de quem a busca.
Ver o mundo nagual significa enxergar a energia vital que se esconde por trás de tudo.
A percepção nagual nos permite observar as linhas energéticas da terra, os pontos de maior poder.
O nagual está em nós e em todo o Universo, podendo ser percebido de diversas maneiras.
Uma das formas é a utilização de plantas de poder. Os índios feiticeiros do México, fazem uso do peiote para desenvolver a segunda atenção.
Alix de Montal narra que o fecho do corpo dos ensinamentos de Dom Juan são o tonal e o nagual :
"Assinalemos desde já que essas duas noções não são específicas do xamanismo em seu conjunto, muito embora elas surgiram, de um ângulo mais geral e místico, planos de consciência que um xamã, ao entrar em transe extático, infalivelmente experimenta.
Os naguais eram outrora membros de uma sociedade secreta cuja influência junto às tribos maias era considerável. 
Como o grande xamanismo, o nagualismo implicava a iniciação em certos poderes ocultos, devendo cada feiticeiro formar, durante a sua vida, um ou mais aprendizes. 
Mas do México a Guatemala, como em toda parte onde se praticavam cultos mágico religiosos, quase todos os naguais desapareceram. "
Dom Juan dizia que o nagual é essa parte de nós para a qual não existe nem descrição, nem palavras, nem sentimentos, nem conhecimento.
 Todas as realidades são possíveis e coexistem numa infinidade de universos.








Nenhum comentário:

Postar um comentário