quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A ALMA


A Alma: Uma Visão Celta

A percepção celta não atribui limites de espaço ou tempo à alma.
Não existe "prisão da alma". A alma é a luz divina que flui em você e em seu Outro.


Um dos mais belos conceitos da espiritualidade celta é o que trata da natureza da alma: para os celtas, a alma de um indivíduo é a manifestação temporal de uma consciência maior e impessoal, que é o conjunto de todas as almas. Essa alma, segundo os druidas, é indestrutível, como o próprio espírito do universo. Ao descrever a profunda filosofia druídica a respeito da alma, os autores gregos demonstravam espanto em identificar num povo “bárbaro” ensinamentos comparáveis aos do grande filósofo Pitágoras.

É através desses textos clássicos que a doutrina druídica da alma é descrita como semelhante à metempsicosepitagórica – a crença de que a alma de um indivíduo pode ‘migrar’ para qualquer outra criatura no pós-morte. Isso foi confundido com a teoria da ‘reencarnação’, e equivocadamente muitos descrevem o druidismo como reencarnacionista. Os conceitos modernos da reencarnação implicam num constante processo evolutivo, que em teoria um dia se encerra. Num universo infinito, nada pode se encerrar, tudo deve se transformar e reciclar. Ademais, o conceito moderno de ‘evolução’ espiritual pressupõe uma “hierarquia”, em que uma espécie ou indivíduo é ‘superior’ a outro (sem o que não haveria ‘evolução’). Desse conceito equivocado surge o “especismo”, preconceito entre espécies, para o qual um determinado ser é mais evoluído do que outro. Este é um conceito tão danoso e equivocado quanto o racismo.
Afirmar que um ser é superior a outro é o mesmo que afirmar que uma raça é superior a outra – mais do que isso, é ignorar o fato de que, para o universo, um ser humano, uma bactéria e um átomo de hidrogênio têm todos a mesma importância na grande rede da existência.
Por outro lado, quando compreendemos que os celtas criam que a alma de um ser humano poderia renascer (diferente de reencarnar) noutra criatura, reforçamos a percepção de que tudo na paisagem é sagrado, dotado de vida – como vimos acima. Por fim, essa percepção nos põe em grau de igualdade e parentesco com todas as criaturas do mundo no qual vivemos – sejam elas a nossos olhos animadas ou não. E ‘animado’ significa “possuidor de alma”, de espírito, divino – como os rios das terras celtas, manifestações físicas de deusas.

 

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