sábado, 20 de setembro de 2014

O MITO VIRACOCHA


O MITO WIRACOCHA

APU KON TICSE WIRACOCHA PACHAYACHACHI Deus andrógeno criado por si mesmo, hermafrodita, imortal, introduzido durante a expansão Wari-Tiwanaco, é o deus principal, criador do Universo e tudo que nele existe: a terra, o sol, os homens, as plantas. Adotava distintas formas, e se acreditava que ele estava em toda parte.

Conta a mitologia que Wiracocha organizou o universo em três mundos relacionados entre sí, em dualidade e harmonia.

No HANAN PACHA, o mundo de acima, habitam os seres celestes, constelações, astros, raios, estrelas, arco-íris, nuvens. No KAY PACHA, o mundo daqui, convivem os seres terrestres, as montanhas, os lagos, os homens, os animais, as plantas.

No UCHU PACHA, o mundo subterrâneo, vivem os mallquis que são as sementes, os ancestrais enterrados para que na terra nasçam os homens novos.

Estes mundos estão relacionados através da Yacumama e Sachamama que os atravessam. YACUMAMA é o poder das águas e da fecundidade.

No mundo de acima é o raio, no mundo terreno é o rio, e no subterrâneo é a serpente.SACHAMAMA é o poder da fertilidade, que no mundo de acima é o arco-íris, aqui no terrestre é a árvore, e no subterrâneo é a serpente de duas cabeças, uma em cada extremidade.

Entre esse mundo interior, ou subterrâneo, existe uma comunicação física através dos orifícios da terra, covas, crateras, lagoas, denominadas genericamente de PACARINAS, relacionadas à origem dos seres viventes.

Entre o mundo terreno e o celeste, a comunicação se torna ideal. O homem se converte no mediador e intérprete dos mundos.Wiracocha é o arquétipo da ordem do universo no homem.

PACHAMAMA

Pachamama é uma deusa, a Mãe Terra. A palavra "Pacha" originalmente significa universo, mundo, lugar, tempo, enquanto que "mama" significa mãe. É a geradora de abundância e de tudo que na terra existe. É a vida, as estações, a fecundidade, é o ciclo da vida, da morte, do renascimento.

O primeiro de agosto é o seu dia, quando, nesta ocasião, os andinos fazem suas oferendas. Normalmente, as oferendas são compostas de comida cozida, e enterradas próximo à casa.

Também se oferenda folhas de coca, tabaco, cerveja ou chicha, vinho, doces para alimentar e agradecer à Mãe Terra. Diz a lenda que Pachamama aparece aos homens como uma velha e pequena senhora.

Os estrangeiros que a vêem, segundo a lenda, jamais deixarão de retornar aos Andes. Conectar-se com a grande mãe, é conectar-se com a abundância e alegria da vida.

A ORIGEM DO MUNDO

No princípio o mundo não existia. As trevas cobriam tudo. Enquanto não havia nada, apareceu a mulher por si mesma. Isso aconteceu no meio das trevas. Ela apareceu sustentando-se sobre o seu banco de quartzo branco.

Enquanto aparecia, ela cobriu-se com enfeites e fez como um quarto. Esse quarto chama-se "Uhtaboho taribu", o quarto de quartzo branco. Ela se chamava Yebá Burô, a Avó do Mundo, ou Avó da Terra.Havia coisas misteriosas para ela criar por si mesma.

Havia seis coisas misteriosas: um banco de quartzo branco, uma forquilha para segurar o cigarro, uma cuia de ipadu, o suporte dessa cuia de ipadu, uma cuia de farinha de tapioca e o suporte dessa cuia. Sobre essas coisas misteriosas é que ela se transformou por si mesma. Por isso ela se chama "a Não Criada". Foi ela que pensou o futuro mundo, sobre os futuros seres. Depois de ter aparecido, ela começou a pensar como deveria ser o mundo. No seu quarto de quartzo branco, ela comeu ipadu, fumou o cigarro e se pôs a pensar como deveria ser o mundo.

Enquanto ela pensava no quarto de quartzo branco, começou a se levantar algo, como se fosse um balão, e em cima dele apareceu uma espécie de torre. Isso aconteceu com o seu pensamento. O balão, enquanto se levantava, envolveu a escuridão, de maneira que esta ficou dentro daquele. O balão era o mundo. Não havia ainda luz, só no quarto dela, no quarto de quartzo branco, havia luz.

Tendo feito isso, ela chamou o balão Umukowií, "Maloca do Universo".Ela o chamou como se fosse uma grande maloca. Este é o nome mais mencionado nas cerimônias até hoje. Depois, ela pensou em colocar pessoas nessa grande maloca do universo. Voltou a mascar ipadu e a fumar cigarro. Todas essas coisas eram especiais, não eram feitas como as de hoje.

Ela então tirou ipadu da boca e fez transformar em homens, os Avôs do Mundo.
Eles eram trovões, eram chamados em conjunto "Uhtabohowerimahsã", quer dizer, "homens de quartzo branco" porque eles são eternos, eles não são como nós. Isso ela fez no quarto de quartzo branco, onde ela apareceu.

Em seguida, ela saudou os homens por ela criados, chamando-os "Umukosurã", isto é, "irmãos do mundo..." Saudou-os como se fossem seus irmãos. Eles responderam chamando-a: Umukosurãnehko, isto é, "tataravó do mundo", e quer dizer que ela era avó de todo ser que existe no mundo.

Feito isso, ela deu a cada um deles um quarto nessa grande maloca que é a Maloca do Mundo.

Os trovões eram cinco:

Nós os chamamos "Avôs do Mundo".

O primeiro, como primogênito, recebeu o quarto do chefe.

O segundo, o quarto da direita, acima do primeiro.

O terceiro, o quarto no alto do jirau do jabuti, no lugar onde se costumava guardar o casco de jabuti tocado nos dias especiais de dança. Assim também era na Maloca do Universo.

O quarto trovão recebeu o quarto da esquerda, acima do primeiro e em frente ao segundo quarto.

Por fim, o quinto, o quarto bem na entrada, perto da porta, onde dormem os hóspedes. Como disse antes, o mundo terminava em forma de torre.

Na ponta da torre, ficava um sexto quarto, onde havia um morcego enorme, parecido com um grande gavião. O lugar onde ele estava chama-se Umusidoro (funil do alto) quer dizer "o Fim" (os confins) do Mundo.

Cada um recebeu assim o seu quarto nessa grande Maloca do Universo. Esses mesmos quartos tornaram-se malocas, que se chamam Umukowi'iri, "Malocas do Universo". Cada trovão ficou morando em sua própria maloca.

Ainda não havia luz no mundo. Só nessas malocas havia luz, do mesmo modo que na maloca de Yebá Burô. No resto do mundo tudo ainda era escuridão.

(A Terra dos Mil Povos, Kaká Werá Jecupé.)

A LENDA DA TEIA DA ARANHA

Conta uma velha lenda dos nativos norte-americanos, que um velho índio ao fazer uma Busca da Visão no topo de uma montanha, lhe apareceu IKTOMI, a aranha, e comunicou-se em linguagem sagrada.

A Aranha pegou um aro de cipó e começou a tecer uma teia com cabelo de cavalo e as oferendas recebidas.

tecia, o espírito da Aranha falou sobre os ciclos da vida, do nascimento á morte e das boas e más forças que atuam sobre nós em cada uma dessas fases.
Ela dizia : ‘ Se você trabalhar com forças boas, será guiado na direção certa e entrará em harmonia com a natureza. Do contrário, irá para direção que causará dor e infortúnios’.

No final a Aranha devolveu ao velho índio o aro de cipó com uma teia no centro dizendo-lhe: "No centro está a teia que representa o ciclo da vida. Use-a para ajudar seu povo a alcançar seus objetivos, fazendo bom uso de suas idéias, sonhos e visões. Eles vem de um lugar chamado Espírito do Mundo que se ocupa do ar da noite com sonhos bons e ruins."

FILTRO DOS SONHOS

Os Filtros dos Sonhos são artefatos xamânicos criados a partir de aros orgânicos trançados por teias de linha. Originalmente, eram feitos com galhos de salgueiro, bem como decorados com artefatos simbólicos, como penas, sementes e pedras preciosas.

Originou-se na tribo dos Ojibwa e durante o movimento indígena dos anos 60 e 70 foram adotados por nativos americanos de diversas nações.

Passaram a ser vistos como um símbolo da unidade entre as várias nações indígenas, e como um símbolo geral da identificação com as primeiras culturas das nações.

Existem várias lendas de origem, de acordo com cada tribo e também diferentes formas de tecer um Filtro dos Sonhos. É uma mandala. Segundo Jung, a mandala se encontra na própria alma humana, aparecendo nos sonhos e em diversas imagens criadas pelo nosso inconsciente.
O Circulo Representa, o Círculo da Vida. As rodas, ou círculos, representam a totalidade. O círculo é o símbolo do Sol, do Céu e da Eternidade. No simbolismo ancestral o círculo é o símbolo do espaço infinito, sem começo e sem fim.

Qualquer que seja a representação simbólica em qualquer era e em qualquer cultura, um Círculo de Poder, serve como um espelho, onde podemos ver o reflexo do Universo e o Grande Tudo, que contém a totalidade, trabalhando para o entendimento dos mistérios da vida, do cosmos, e das leis naturais.

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